terça-feira, 28 de setembro de 2010

Congresso Missionário Oeste 1 – Dourados – MS.

Congresso Missionário Oeste 1 – Dourados – MS.

23 a 26 de setembro 2010

Oficina: Missão, Pequenas Comunidades e CEBs
“Gente simples fazendo coisas pequenas, em lugares pouco importantes consegue mudanças extraordinárias”. Provérbio africano, citado por Dom Moacyr Grechi, arcebispo de Porto Velho, no 12º Intereclesial das CEBs. Esse provérbio mostra a força missionária dos simples a quem Deus revela seus mistérios (cf. Mt 15,25) e ilumina a nossa reflexão sobre a Missão das Comunidades Eclesiais diante dos desafios da caminhada.
I - Missão
A origem da Missão se encontra em Deus que confia seu Plano de salvação em Jesus no Espírito Santo. Partimos do batismo de Jesus. Ele marca uma passagem da vida oculta em Nazaré para a sua atividade missionária. Nele, Jesus recebe o Espírito Santo para que possa dar início à sua missão (Mt 3, 13-17). Depois, numa sinagoga em Nazaré, Ele apresenta o seu programa missionário citando o profeta Isaías (Is 40) “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar a liberdade aos cativos e aos cegos a recuperação da vista...” (Lc 4, 18-20). Na sua Missão, Jesus revela um Deus cheio de compaixão e misericórdia, que ama e cuida, cura, restabelece a vida, com ternura. São essas ações de Jesus que definem a sua Missão evangelizadora - transformadora.

Jesus escolhe e chama discípulos para estar com ele, formar comunidade na unidade com o Pai e o Espírito (cf. Mc 3,13) e para os enviar até os confins da terra. Eles recebem do Mestre a ordem de continuar a mesma obra como Igreja, comunidade de discípulos vocacionada para a Missão. Os que acolhem o Evangelho reúnem-se em comunidade e, pelo batismo assumem a Missão de Jesus (At 2, 41). Nesse sentido, quem entra em contato com Jesus e aceita a sua mensagem, não pode guardá-la para si. A ordem é: Ide, pregai a Boa nova a toda a criatura (Mt 28), a todos os povos e culturas de todos os tempos. A Igreja sabe que as palavras de Cristo – Eu devo anunciar a Boa Nova do Reino de Deus – torna-se agora sua missão. São Paulo consciente deste dever chega a afirmar: é um dever que me incumbe, e aí de mim, se eu não pregasse (1Cor 9,16).

Com muita razão o Papa Paulo VI, na Encíclica (EN 13) afirma: “Evangelizar constitui, de fato, a graça e a vocação própria da Igreja, a sua mais profunda identidade. Ela existe para evangelizar”. Assim, a comunidade cristã nunca pode permanecer fechada em si mesma, dentro das suas fronteiras.

Recentemente a Conferência de Aparecida (maio de 2007) deu novo impulso à Igreja presente no Continente ao pedir esforços para se colocar em “estado permanente de Missão” apostando em iniciativas na formação e animação missionária de suas comunidades. A expressão “discípulos missionários” passa a ser utilizada com muita freqüência nos documentos, planos pastorais e projetos de evangelização. O Documento de Aparecia pede uma “Conversão pastoral e renovação missionária das comunidades” (7.2.) “...Nenhuma comunidade deve isentar-se de entrar decididamente, com todas as forças, nos processos constantes de renovação missionária e de abandonar as ultrapassadas estruturas que já não favorecem a transmissão da fé”. (DA 365).
Nessa perspectiva destacam-se os princípios teológicos, sobretudo, eclesiológicos, que devem iluminar a renovação e a conversão pastoral da Igreja particular, das paróquias e Comunidades Eclesiais de Base e suas estruturas pastorais e missionárias:
a) A origem da Missão;
b) O Reino de Deus, presente na pessoa de Jesus Cristo;
c) O Espírito Santo, protagonista da Missão;
d) A Igreja “discípulas missionária”, sujeito e objeto da Missão.
II - Pequenas Comunidades e Comunidades Eclesiais de Base - CEBs
Para concretizar a “conversão pastoral e renovação missionária” da Igreja, o Documento de Aparecida propõem, entre outras iniciativas, a sua setorização em unidades territoriais menores permitindo maior proximidade com as pessoas e grupos que vivem na região, a criação de “comunidades de famílias que fomentem a colocação em comum de sua fé cristã e das respostas aos problemas” (DA 372). O Documento reconhece que em algumas Igrejas da América Latina e do Caribe, as CEBs “têm sido escolas que têm ajudado a formar cristãos comprometidos com sua fé, discípulos missionários do Senhor, como o testemunha a entrega generosa, até derramar o sangue, de muitos de seus membros” (DA 178). E lembra que a Conferência de Medellín (1968) reconheceu nelas uma célula inicial de estruturação eclesial e foco de fé e evangelização. Puebla (1979) afirmou que as CEBs “permitiram ao povo chegar a um conhecimento maior da Palavra de Deus, ao compromisso social em nome do Evangelho, ao surgimento de novos serviços leigos e à educação da fé dos adultos” (cf. Puebla 629) ( DA 178).
Contudo, durante a Conferência de Aparecida, muitos bispos queriam que o termo “CEBs” ficasse fora do documento final dando preferência à expressão “Pequenas comunidades”. A final, há alguma diferença entre Pequenas Comunidades e CEBs? Um grupo que se reúne para rezar o terço, ou para reflexão bíblica, ou mesmo um circulo bíblico é uma Pequena Comunidade ou seria uma CEB?
O professor Sérgio Coutinho, assessor do Setor CEBs da Comissão Episcopal para o Laicato da CNBB, nos ajuda a entender essa questão destacando as principais diferenças entre os dois termos. “Antes de qualquer coisa temos que deixar claro que CEBs não são ‘pastorais’ e muito menos ‘movimento’. São comunidades de base eclesial e não uma comunidade de base qualquer, como um grupo de vizinhança, de amigos de trabalho etc”. (Coutinho, Sérgio Ricardo, Comunidade e Comunidades Eclesiais de Base: in Igreja, Comunidade de Comunidades, p.115, CNBB, 2009).
Elementos constitutivos das CEBs: básicos para identificá-las.
1.Comunidade, porque reúne pessoas ao redor da Palavra de Deus e da realidade que as envolve. O termo comunidade define a estreita relação das pessoas unidas pela necessária busca por uma vida mais digna : “São comunidades, porque reúnem pessoas que têm a mesma fé, pertencem à mesma Igreja e moram na mesma região. Motivadas, pela fé, essas pessoas vivem uma comum-união em torno de seus problemas de sobrevivência, de moradia, de lutas por melhores condições de vida e de anseios e esperanças libertadoras”. (Frei Betto, O que é comunidade eclesial de base. Pg.17).
2.Eclesial, porque é Igreja de Jesus Cristo, Crucificado Ressuscitado. Gente que pela fé recebida pelo Batismo, busca uma vivência cristã como resposta à missão de ser fermento na massa (cf.Mt 5, 13,33). Como núcleos básicos de comunidades de fé estão vinculadas à Igreja Católica e se reúnem para celebrar a Palavra de Deus e a Eucaristia, fontes de esperança e luz para a caminhada.
3.De Base, porque experimenta o desafio de testemunhar a fé no dia-a-dia, sobretudo na convivência com a vizinhança na diferença. A palavra Base pode ter quatro significados conforme explica Leonardo Boff:
a).Base é sinônimo de fundamento, princípio, do que é essencial. A comunidade se constrói sobre o que é fundamental e principal, para a fé cristã: Jesus Cristo, o Evangelho, o seguimento da vida, do destino, e da paixão do Cristo na força do Espírito Santo. É a significação teológica da Base.(...) b) é o que se encontra na posição oposta à cúpula da Igreja e da sociedade (...) c) pode designar um processo pedagógico: as sugestões e as decisões , (...) devem, o mais possível ser discutidas e amadurecidas a partir de baixo, da base, atingindo todos os estratos eclesiais e sociais (...) o que concerne a todos, deve ser decidido por todos. (...) d) é sinônimo de pequeno grupo ou comunidade onde as pessoas partilham a fé e a vida e se ajudam mutuamente na rede de relações que descrevemos acima, quando nos referimos à comunidade. É a significação antropológica de base”. (Leonardo Boff, Novas fronteiras da Igreja- o futuro de um povo a caminho, p. 99-100).
Podemos dizer que as CEBs são pequenos núcleos de Igreja (na Base), conscientes de sua cidadania eclesial e social, interferindo na realidade, iluminados e sustentados pela fé. (Cf. Documento de Aparecida 178, 179, 180).
Os elementos essenciais de uma Comunidade dos que crêem em Cristo, são:
a Fé, a Celebração dos Sacramentos, a Comunhão e a Missão. A Palavra de Deus, a missão de Jesus e a esperança na ação do Espírito Santo, empurram a Comunidade para a Missão. “Desse confronto mútuo nasce a dimensão da libertação de toda injustiça e a fome e sede de participação e comunhão na sociedade e na Igreja. Uma Igreja não vive só de fé, mas principalmente das celebrações da fé. Trata-se, sempre, não tanto de realizar um rito, mas de celebrar a vida de fé vivida em comunidade, ritualizar a vida diante de Deus e dos irmãos”. (Coutinho, Sérgio Ricardo, Comunidade e Comunidades Eclesiais de Base: in Igreja, Comunidade de Comunidades, p.114, CNBB, 2009).
Acima de tudo, a razão de ser da Comunidade que é a Igreja é Evangelizar, a Missão faz parte da sua natureza: difundir a mensagem de Jesus sobre o Reino de Deus. Por isso, as CEBs devem ser família (hospitaleiras), samaritana (servidoras) celebrativa (na ação litúrgica da fé), profética (transformadora) e missionária (aberta ao mundo).
Uma Comunidade Cristã nunca deveria fechar-se em si mesma. Lembrando que Missão é um modo de ser antes de ser uma atividade – vivemos uma espiritualidade missionária. A Igreja Discípulos missionária, no encontro com Jesus, guiada pelo Espírito e interpelada pela realidade, Escuta, Aprende e Anuncia o Reino de Deus para a humanidade toda.
Para aprofundar:
1.O que você entende por CEBs; o que são CEBs para você?
2.Você participa de alguma comunidade ou grupo que pode ser considerado uma CEB?
3. O que deveria fazer para deixar que as CEBs aconteçam na minha realidade?
4. Quais as principais dificuldades encontradas pelas Comunidades Eclesiais hoje?
III. A missão das Comunidades Eclesiais na Cidade
Interpelados pela realidade urbana, como Igreja somos enviados em Missão entre os desafios da cidade. Nesse ambiente complexo, novas experiências são realizadas. A Missão Urbana desafia as comunidades eclesiais que nas fronteiras da cidade buscam testemunhar o Evangelho. Em meio a muitos sinais de mortes, por força do Evangelho somos convidados a afirmar e cuidar da vida como um todo. Na cidade, ao contrário da sociedade rural definida e organizada, surgem experiências novas como num mosaico, com cores e formatos diferentes, que se vista de maneira fragmentada não é compreendida, mas quando somadas na diversidade desvela o reino de Deus existente numa sociedade multi-étnica, pluri-cultural, macro-ecumênica, inter-religiosa, pós-moderna. O mundo urbano nos desafia ao diálogo, ao anúncio da boa nova nas suas múltiplas modalidades e meios, na vida de comunidades organizadas e rede e em movimento para além da tradicional “Paróquia”.
Para conversar:
A questão da pastoral urbana está intimamente ligada ao desenvolvimento da sociedade moderna:
1. Quais seriam as principais características da sociedade urbana moderna?
2. Que efeitos a Igreja, como instituição na cidade, sofre em tal situação?
3. Como chegar aos corações das pessoas muito além da Igreja institucionalizada, paroquial e além das fronteiras das Comunidades Eclesiais?
4. O que é mesmo Paróquia? - Paróquia, rede de comunidades? Paróquia, Comunidade de comunidades?

Igreja, Comunidade de Comunidades articuladas numa rede de comunidades.
Analistas visualizam algumas questões que merecem nossa atenção:
- Em termos de Igreja, o fenômeno das CEBs e de comunidades de vida cristã de vários feitios vem-se firmando. Responde de maneira vital ao anonimato da vida paroquial. E no interior das paróquias, existe esforço no acolhimento como resposta ao desafio do anonimato e massificação de nossas paróquias urbanas.
- Os movimentos leigos de apostolado e espiritualidade situam-se também nesse processo comunitário.
- Uma pastoral deve incentivar a criação de comunidades, quer de base, quer em outros segmentos sociais. Somente uma pastoral que consolide este movimento estará respondendo positivamente ao perigo do individualismo.
- A experiência urbana tem mostrado que as CEBs funcionam bem nas periferias em que as pessoas ainda conservam costumes e tradições trazidas do interior. A geração mais jovem e urbanizada tem dificuldade de construir CEBs.
- O futuro da pastoral urbana parece apontar para um jogo bem articulado entre as pequenas comunidades em todos os setores e níveis de vida eclesial entre si, interligadas em rede e momentos ricos mais raros de macro-experiências eclesiais.
A vida de fé concreta seria alimentada nas pequenas comunidades de celebração, de vivência, de estudo, de oração. E a unidade da fé e da Igreja seria garantida pelas estruturas maiores - Igreja universal, diocese, paróquia - que teriam seus momentos de visibilidade mais raros, mas fundamentais e indispensáveis.
A paróquia iria deixando de ser o único lugar do encontro para a maioria dos católicos para transformar-se no pólo dinamizador das pequenas comunidades e o centro simbólico da unidade em celebrações maiores e mais raras.
- Como fazer das Paróquias, “Comunidade de comunidades” (cf. 309, 517e) e transformá-las de comunidades de manutenção em “centros de irradiação missionária em seus próprios territórios” e “lugares de formação permanente” (306. cf.304) ?
O Documento de Aparecida indica caminhos para uma Paróquia Missionária:
- Resgatar a dimensão comunitária da paróquia (304)
- A renovação da paróquia no início do terceiro milênio (172)
- Deve ser “comunidades de comunidade” (309; 517e).
- Todas as nossas paróquias devem se tornar missionárias (173).
- De uma pastoral de “conservação” a uma pastoral “missionária” (370).
- Centro de irradiação missionária no âmbito paroquial (306).
- Novas atitudes por parte dos Párocos e Sacerdotes (201)
- Desburocratização da paróquia (203)
- Solidariedade e compromisso com os pobres (176)
- Renovar a opção preferencial pelos jovens (446a)
- Todos os membros da comunidade paroquial são responsáveis pela evangelização (171).
- Todos os paroquianos devem se transformar em discípulos missionários (172).
- Investir na formação de leigos missionários (174).
- Despertar o voluntariado missionário, nacional e internacional (372)
- Entrar num processo constante de renovação (365)
- O grande horizonte norteador de nossas paróquias: a Missão ad Gentes (379).
- Deve-se nas paróquias “abandonar as estruturas caducadas que já não favorecem a transmissão da fé” (365).
- “Os melhores esforços das paróquias devem estar na convocação e na formação dos leigos missionários” (174).

Jaime Carlos Patias, imc, diretor da revista Missões.

domingo, 19 de setembro de 2010

CABOCO.

“CABOCO”: Sujeito típico de direito Amazônico (I)
Gursen De Miranda
Presidente da Academia Brasileira de Letras Agrárias, professor-adjunto da UFRR e juiz de Direito de Roraima
Publicado na Folha de Boa Vista, de 15 de junho de 2005, p. 02.

Quando juridicizei o estudo do posseiro (De Miranda: 32) destaquei que o típico caboco vive às margens dos rios, igarapés, furos e paranás, totalmente alheio ao sistema jurídico vigente e desconhece o regime de propriedade privada do capitalismo selvagem dos dias atuais. Para esse trabalhador rural o importante é estar à beira do rio de onde tira seu alimento e serve de via de acesso à cidade; numa zona bem delimitada de terra extrai o açaí para beber e, numa área mais alta, cultiva um roçado de mandioca para obter a farinha, o que complementa sua alimentação. A caça é feita somente quando o peixe não vem, quando o rio está panema. O extrativismo é sua atividade “econômica” principal, pois, em alguns casos, existe o artesanato rústico com seus paneiros, abanos e coisas mais. A terra como terra não tem nenhum valor; o importante é o que a natureza produz sobre essa terra.
O caboco, historicamente, é reconhecido pelos brasileiros em geral como o tipo humano característico da população rural da Amazônia; como o homem do campo da Amazônia. Nesse sentido, caboco é o amazônida típico, essencialmente rural e, normalmente, ribeirinho. Inegavelmente, o caboco faz lembrar a figura de uma pessoa no ambiente amazônico. Portanto, caboco é uma designação específica e exclusiva do amazônida do âmbito rural, especialmente o ribeirinho.
Certamente, na Amazônia, também existem os trabalhadores rurais, com características da modernidade, chegados pela necessidade nas diversas levas de migrantes e pela esperança para os “grandes projetos”.
É oportuno destacar que, na Amazônia, caboclo é coisa de dicionário. O termo usado, normalmente é caboco, tanto no Pará, como no Amazonas, no Amapá ou em Roraima. Não observei em Rondônia e no Acre, e ainda tem o Tocantins. Aliás, em Roraima, o indígena que já assimilou os elementos culturais do não índio também é chamado de caboco, considerando-se a interação e a possível mestiçagem, pois, algumas malocas têm tuxaua não índio.
Ademais, não pretendo, nos limites deste trabalho, perquirir a etimologia da expressão caboclo. Se deriva do tupi caa-boc, “o que vem da floresta”; se do tupi kari’boca, “filho do homem branco”; ou se “ca­boclo foi inicialmente usado como sinônimo de tapuiu, termo genérico de desprezo que os povos indígenas usavam quando se referiam a indivíduos de outros grupos” (Lima: 9).
O certo é que não existe, no Brasil, uma política atuante direcionada aos interesses regionais, preocupada com o bem estar e a produção de alimentos para o povo amazônida. Os organismos internacionais, na mesma linha, ficam mais preocupados com os bichinhos e as plantinhas da Amazônia, atentos a sua água, a sua biodiversidade e ao seu potencial genético, e abstraem as pessoas nascidas e criadas na região, com suas necessidades naturais.
O índio, desde o período colonial, com a Carta Régia de 10 de setembro de 1611, tem ampla legislação amparando seu direito às áreas que tradicionalmente ocupa. O negro, com a Constituição Federal, de 1988, conquistou o direito às áreas quilombolas (ADCT: art. 68). Nada dizem sobre o caboco ribeirinho da Amazônia.
Raras são as pesquisas etnográficas, antropológicas ou sociológicas sobre o caboco, até o final dos anos 60 eram praticamente inexistentes.
A ficção literária foi a única fonte de conhecimento sobre o caboco. A literatura amazônica reconhece o caboco como o principal tipo humano da Amazônia. Exemplo marcante é o Manuel dos Santos Prazeres e a Maria de Todos os Rios descritos por Benedicto Monteiro, maior romancista vivo da Amazônia, cm Verde Vago Mundo, Minosauro, A Outra Margem, Aquele Um, Maria de Todos os Rios.
Na seara do Direito a abordagem sobre o caboco é inexistente. O caboco não é reconhecido como sujeito de direito na Amazônia. O Direito não apreendeu a importância que a figura merece no contexto amazônico. Não existem estudos jurídicos sobre a figura do caboco. Por certo, não é por acaso.
O caboco é um exemplo de adaptação do ser humano ao ambiente, ou seja, teve habilidade suficiente para obter os meios necessários para viver no vale amazônico.
O caboco, no âmbito agrário amazônico, tem como principal atividade econômica o extrativismo agrário (animal e vegetal), com destaque à pesca artesanal e a agricultura temporária (de sobrevivência); ocupa um ambiente de várzea ou terra firme; tem fortes laços de parentescos locais com os compadres, professa religião do “mundo dos encantamentos” e o catolicismo popular, tem hábitos alimentares peculiares e padrões de moradia distintos. Come farinha e dorme em rede.
Como bom caboco do centrão da Ilha de Marajó, lá da cidade de Anajás, pelo menos uma vez por semana tomo mingau de farinha na casa de meus pais, tomei muito chibé (farinha com água) acompanhado de um camarão ou um peixe salgado, um charque, tudo assado na brasa; sempre lembro do bolinho doce de farinha que minha mãe fritava à tarde para merendarmos; meu pai, com o ar de seus 85 anos de idade, todos os dias, após o almoço, bebia uma boa cuia de açaí com farinha. Tenho certeza que os italianos, se conhecessem, colocariam farinha no macarrão – é uma delícia.
Eu sou caboco. Sou caboco amazônida. Caboco marajoara.




“CABOCO”: Sujeito típico de direito Amazônico (II)
Gursen De Miranda
Presidente da Academia Brasileira de Letras Agrárias, professor-adjunto da UFRR e juiz de Direito de Roraima
Publicado na Folha de Boa Vista, de 16 de junho de 2005, p. 02.


Afirma-se que a “razão por que caboclo não é utilizado como termo de autodesignação deriva do fato de nunca ter sido associado a um movimento político” (Lima: 21). A verdade está à margem dos estudos da pesquisadora.
O caboco é o grande herói da Cabanagem, único movimento político popular no Brasil em que o povo chegou ao poder, em luta que se estendeu pelo vale do rio Amazonas, no período de 1835 a 1840. Não por acaso o nome do movimento reflete a origem de seus atores, aqueles que viviam em cabanas, os cabocos.
Por certo, está faltando maior e mais aprofundado estudo sobre o caboco, como o principal sujeito nas relações na Amazônia. O caboco, portanto, apesar do preconceito dos que chegaram, tem valorização política desde os tempos da Cabanagem no contexto amazônico e não apenas como objeto das raras pesquisas.
A força do caboco, na atividade seringueira, torna-se bem evidente em sua relação com o regatão (McGrath: 57). O caboco controla os meios de produção e o produto de sua própria mão-de-obra, estando geralmente fora do alcance dos comerciantes e proprietários locais. É justamente por meio do processo de troca que a resistência caboca ocorre, e o regatão desempenha papel crítico na realização de pelo menos uma das formas dessa resistência.
A Fundação IBGE reconhece o caboco como um dos tipos regionais do Brasil, no mesmo patamar do gaúcho do Rio Grande do Sul, das baianas da Bahia, dos sertanejos do nordeste brasileiro. É uma distinção que considera a geografia, a história da colonização e as origens étnicas da população (Lima: 6).
É certo que um estudo sobre o caboco é complexo, pois, envolve dimensões geográficas, raciais e de classe (Lima: 6).
Em verdade, verifico um movimento para desacreditar o mais legítimo sujeito da Amazônia, com convicção sobre sua realidade.
É bem mais fácil criar denominações para manipulação e divulgação pela mídia, mais que não representa os verdadeiros interesses do sujeito amazônida, seja Povos da Floresta, Populações Tradicionais, Pescadores Artesanais ou Mulheres da Floresta (Lima: 28). São expressões vazias, artificiais, imposta pelos que se preocupam apenas com os bichinhos e plantinhas da Amazônia e, não por acaso, esquecem o ser humano que nasce, vive e pensa em morrer na Amazônia. Expressões que nada dizem para os amazônidas.
É preciso de todo lamentar atualmente, quando fazem referência ao amazônida, as denominações: invasor, grileiro, bandido...
Ora, é um absurdo “desistir de fazer uso da palavras caboclo, especialmente se pretendermos falar de identidades rurais na Amazônia contemporânea” (Lima: 29). Tal absurdo é afirmar “não há razão para não adotar novos nomes em seu lugar” (Lima: 28). O caboco, o verdadeiro e mais expressivo sujeito da Amazônia, certamente, não deve aceitar tamanho preconceito e inconcebível discriminação.
É abominável a construção referente ao caboco como pobre, selvagem, indolente, fracassado, preguiçoso, fraco, não determinado, atrasado (Lima: 20). O simplismo no estudo abstrai a realidade geográfica e etno-histórica da Amazônia e os elementos da cultura da selva tropical. Na Amazônia, no embalar preguiçoso de suas redes, mas com olhar altivo, como verdadeiros donos daquela imensidão – imensidão de terras, imensidão de florestas, imensidão de águas, ... imensidão cultural –, também existem seres pensantes – somos seres humanos. Por certo, somos um pouco diferentes: somos índios, os pioneiros; com orgulho, somos cabocos, somos negros, somos mulatos, cafuzos; igualmente brasileiros.
O amazônida é tranqüilo por sua própria natureza, pois aprendeu a viver em região com abundância, dela tirando seu necessário sustento, especialmente a farinha. O caboco é um indivíduo alegre, sábio, criativo, vaidoso e racional, por isso, desconfiado, perfeitamente adaptado à realidade social e ecológica da Amazônia.
A comparação do caboco com o nordestino, normalmente é tendenciosa, uma vez que desconsidera o modo de viver caboco como fator positivo, aquele que se satisfaz com a pura existência e é capaz de aproveitar a vida com o mínimo esforço.
Portanto, caboco é a população rural amazônica não índia, especialmente os nativos antes da chegada da grande leva de migrantes nordestinos nas últimas décadas do século XIX, e quatro primeiras décadas do século XX. Aliás, os migrantes nordestinos são conhecidos na Amazônia, pelos cabocos, como arigós, colonos, cearenses, nordestinos e brabos (não no sentido de valente ou forte, mas por desconhecer e destruir desnecessariamente o ambiente amazônico). É certo, porém, no final do século XX, os nordestinos que ficaram na Amazônia adquiriram as características cabocas.
Por outro lado, o caboco, sob nenhuma hipótese (Lima: 26), deve ser comparado ou confundido com o “matuto” ou o “caipira” do interior do centro e sul do País.
O caboco é aquele que expressa um modo de vida próprio da Cultura da Selva Tropical, da Cultura da Mandioca. Os aspectos econômicos, políticos e culturais podem identificar o caboco na sua origem. São pequenos produtores familiares que vivem da exploração dos recursos da natureza e têm amplo conhecimento da floresta.
Por isso, entendo no âmbito de um direito amazônico, que o caboco é o sujeito de direito típico. Conseqüentemente, é importante destacar que o caboco, o ribeirinho, também tem direito à propriedade.
Cabo destacar, por necessário, que o caboco não morreu e nem é uma alegoria regional; ele vive e reivindica seu verdadeiro lugar na Amazônia como legítimo sujeito de Direito.
Eu sou caboco. Sou caboco amazônida. Caboco marajoara.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

MORRA EM NOME DO ESTADO.

Morra em nome do Estado 09/09/2010 Marco Poli *
"Para que todos entendam: quem bebe vódca e quem fuma ajuda o governo. Se você fuma um maço de cigarros, então você dá fundos para resolver problemas sociais. Você apoia a política demográfica, o desenvolvimento de serviços sociais e a natalidade". As inacreditáveis palavras são de ninguém menos que do Ministro das Finanças da Rússia, Alexei Kudrin, equivalente ao Ministro da Fazenda, Guido Mantega, no governo brasileiro.
Assim funciona o raciocínio de governantes, lá como cá, ou em qualquer parte. Eles nada fazem, nada produzem, mas administram as fortunas repassadas ao Estado, via impostos, como se isso fosse mais importante que a vida humana. Só mesmo um raciocínio desses seria capaz de pedir a concidadãos que mantivessem altos os níveis de consumos dos produtos que mais matam, pelo simples fato de serem estes os que mais impostos embutidos nos preços possuem.
Na Rússia chega a 1,5 Milhão o número de mortes causadas pelo consumo excessivo do álcool a cada ano. Graças a isso os índices de longevidade não sobem no país que mais cresce no mundo, depois da China. O Estado, em vez de proteger o cidadão com políticas públicas em busca da concientização dos males causados pelo excessivo consumo de bebidas destiladas, sugere que estes bebam mais para gerar mais impostos e morram mais cedo para não dar trabalho.
É assim que lidam com o ser humano, que os sustenta, aqueles que dirigem a administração pública. Da mesma forma como é por aqui. Afinal, não existem leis mais restritivas do que aquelas que regem o consumo do cigarro e derivados de tabaco nas capitais brasileiras. É um caso absurdo em que o otário(consumidor), pode gastar seu dinheiro no produto, mas não pode consumir. Ora, se isso faz mal(e faz muito), proiba-se a comercialização, não o consumo. Só que o Estado jamais abrirá mão da verdadeira fortuna embutida em impostos no preço do cigarro.
ssim sendo, pune-se o consumidor, que pode comprar, mas para fumar é mais difícil do que morador de rua praticar sexo em praça pública.
A única diferença é que na Rússia, pelo menos, a hipocresia é menor. O Estado assume que é algoz do contribuinte e dele espera tão somente dinheiro, para retribuir em descaso, péssima administração e roubalheira.
* Marco Poli do Portla Capital Gaúcha.
Fonte: www.capitalgaucha.com.brMorra em nome do Estado 09/09/2010 Marco Poli *
"Para que todos entendam: quem bebe vódca e quem fuma ajuda o governo. Se você fuma um maço de cigarros, então você dá fundos para resolver problemas sociais. Você apoia a política demográfica, o desenvolvimento de serviços sociais e a natalidade". As inacreditáveis palavras são de ninguém menos que do Ministro das Finanças da Rússia, Alexei Kudrin, equivalente ao Ministro da Fazenda, Guido Mantega, no governo brasileiro.
Assim funciona o raciocínio de governantes, lá como cá, ou em qualquer parte. Eles nada fazem, nada produzem, mas administram as fortunas repassadas ao Estado, via impostos, como se isso fosse mais importante que a vida humana. Só mesmo um raciocínio desses seria capaz de pedir a concidadãos que mantivessem altos os níveis de consumos dos produtos que mais matam, pelo simples fato de serem estes os que mais impostos embutidos nos preços possuem.
Na Rússia chega a 1,5 Milhão o número de mortes causadas pelo consumo excessivo do álcool a cada ano. Graças a isso os índices de longevidade não sobem no país que mais cresce no mundo, depois da China. O Estado, em vez de proteger o cidadão com políticas públicas em busca da concientização dos males causados pelo excessivo consumo de bebidas destiladas, sugere que estes bebam mais para gerar mais impostos e morram mais cedo para não dar trabalho.
É assim que lidam com o ser humano, que os sustenta, aqueles que dirigem a administração pública. Da mesma forma como é por aqui. Afinal, não existem leis mais restritivas do que aquelas que regem o consumo do cigarro e derivados de tabaco nas capitais brasileiras. É um caso absurdo em que o otário(consumidor), pode gastar seu dinheiro no produto, mas não pode consumir. Ora, se isso faz mal(e faz muito), proiba-se a comercialização, não o consumo. Só que o Estado jamais abrirá mão da verdadeira fortuna embutida em impostos no preço do cigarro.
ssim sendo, pune-se o consumidor, que pode comprar, mas para fumar é mais difícil do que morador de rua praticar sexo em praça pública.
A única diferença é que na Rússia, pelo menos, a hipocresia é menor. O Estado assume que é algoz do contribuinte e dele espera tão somente dinheiro, para retribuir em descaso, péssima administração e roubalheira.
* Marco Poli do Portla Capital Gaúcha.
Fonte: www.capitalgaucha.com.brMorra em nome do Estado 09/09/2010 Marco Poli *
"Para que todos entendam: quem bebe vódca e quem fuma ajuda o governo. Se você fuma um maço de cigarros, então você dá fundos para resolver problemas sociais. Você apoia a política demográfica, o desenvolvimento de serviços sociais e a natalidade". As inacreditáveis palavras são de ninguém menos que do Ministro das Finanças da Rússia, Alexei Kudrin, equivalente ao Ministro da Fazenda, Guido Mantega, no governo brasileiro.
Assim funciona o raciocínio de governantes, lá como cá, ou em qualquer parte. Eles nada fazem, nada produzem, mas administram as fortunas repassadas ao Estado, via impostos, como se isso fosse mais importante que a vida humana. Só mesmo um raciocínio desses seria capaz de pedir a concidadãos que mantivessem altos os níveis de consumos dos produtos que mais matam, pelo simples fato de serem estes os que mais impostos embutidos nos preços possuem.
Na Rússia chega a 1,5 Milhão o número de mortes causadas pelo consumo excessivo do álcool a cada ano. Graças a isso os índices de longevidade não sobem no país que mais cresce no mundo, depois da China. O Estado, em vez de proteger o cidadão com políticas públicas em busca da concientização dos males causados pelo excessivo consumo de bebidas destiladas, sugere que estes bebam mais para gerar mais impostos e morram mais cedo para não dar trabalho.
É assim que lidam com o ser humano, que os sustenta, aqueles que dirigem a administração pública. Da mesma forma como é por aqui. Afinal, não existem leis mais restritivas do que aquelas que regem o consumo do cigarro e derivados de tabaco nas capitais brasileiras. É um caso absurdo em que o otário(consumidor), pode gastar seu dinheiro no produto, mas não pode consumir. Ora, se isso faz mal(e faz muito), proiba-se a comercialização, não o consumo. Só que o Estado jamais abrirá mão da verdadeira fortuna embutida em impostos no preço do cigarro.
ssim sendo, pune-se o consumidor, que pode comprar, mas para fumar é mais difícil do que morador de rua praticar sexo em praça pública.
A única diferença é que na Rússia, pelo menos, a hipocresia é menor. O Estado assume que é algoz do contribuinte e dele espera tão somente dinheiro, para retribuir em descaso, péssima administração e roubalheira.
* Marco Poli do Portla Capital Gaúcha.
Fonte: www.capitalgaucha.com.br

PENÚRIA EM AFEGANISTÃO.

Refugiados afegãos no Paquistão afogados pelas penúrias09/09/2010 Ashfaq Yusufzai, da IPS
Quando não olham com tristeza o que foi suas casas ou tentam ajudar algum parente doente, afegãos vítimas das inundações no Paquistão perseguem veículos que circulam pela estrada, que vai de Peshawar até Islamabad, em busca de esmola. O desespero é tão grande que pelo menos cinco mulheres morreram em acidentes nas estradas, correndo atrás de caminhões que elas pensavam estar transportando ajuda humanitária.
As inundações causadas pela monção afetaram o noroeste do país em meados de julho e destruíram tudo em sua passagem. Cerca de 20 milhões de pessoas sofreram as consequências, um em cada dez habitantes, segundo dados oficiais. Não há certeza de que esse número inclua os refugiados afegãos, 1,7 milhão de pessoas. A maioria se encontra na província de Jiber Pajtunjwa.
Com milhões de paquistaneses afetados pelas inundações, os afegãos afirmam que eles não são prioridade para seus anfitriões. Os refugiados, que vivem em 17 distritos de Jiber Pajtunjwa, perderam mais de 12.600 casas e 85.800 deles ficaram sem teto, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur). Além disso, centenas de milhares de pessoas ficaram sem ter o que comer e beber, muitos adoeceram. Até a ajuda médica demorou a chegar.
"Corri para perto de La Meca para conseguir dinheiro. Meus três filhos estão no hospital", contou o afegão Rasool Shah, de 31 anos. "Eu tinha uma pequena barraca no acampamento que a água levou. Agora não tenho nem um centavo. Os médicos aconselharam a internar meus três filhos por causa de diarreia aguda crônica, mas não temos assistência gratuita", disse.
As vítimas paquistanesas tiveram muito apoio médico, mas os afegãos parece que foram ignorados pelo governo, disse à IPS a presidente da Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia do Paquistão, Lubna Hassan. A situação está muito deteriorada e pode piorar nos próximos dias, afirmaram médicos de uma clínica montada pela organização local Falah Insaniat, perto de Azajel, um dos maiores acampamentos de refugiados.
"A maioria dos habitantes do acampamento tem diarreia, disenteria, tifo, sarna e malária, pois carecem de água potável", disse o médico Riaz Alam. "Recebemos cerca de 300 pacientes por dia, na maioria mulheres e crianças, com diferentes doenças causadas pelas inundações", contou. "Há cerca de 700 grávidas de Azajel que precisam de medicamentos e cuidados pré-natal. Não têm alimentação balanceada e darão à luz bebês enfermos. Necessitam de exames regulares. A maioria tem anemia", disse Lubna.
Dos menores afegãos, 75% têm diarreia e disenteria e 35% apresentam infecções cutâneas, disse o vice-presidente da Associação de Pediatria do Paquistão, Sabir Ali. Além disso, "85% estão desnutridos. E não há sinais de que a situação vai melhorar, pela falta de higiene em que vivem os afegãos. Não têm água nem instalações sanitárias e nem uma dieta balanceada", afirmou.
Os acampamentos de refugiados ficam nos arredores de Peshawar, capital provincial, que está a 141 quilômetros de Islamabad, destruídas pelas inundações. Azajel, que tinha 23 mil habitantes, está em ruínas. O Acnur entregou 1.100 barracas, quantidade insuficiente, além de não haver onde serem instaladas. Muitos refugiados afegãos acabaram instalando-se na estrada que vai para Islamabad. Várias famílias montaram suas barracas no meio do caminho, para ficar mais próximas dos veículos, que mulheres e crianças perseguem pedindo esmola.
Os afegãos começaram a emigrar para o Paquistão há cerca de três décadas, após a invasão soviética. Este país chegou a ter 27 acampamentos de refugiados, mas muitos foram fechados há três anos quando sumiu a ajuda internacional. Islamabad concordou que os refugiados ficassem até dezembro de 2012, e a Organização das Nações Unidas implementou um programa de repatriação voluntária. Centenas de milhares de afegãos regressam ao seu país todos os anos.
Desde o início das inundações, cerca de 400 famílias regressaram ao Afeganistão. "Os refugiados que tinham propriedades no Afeganistão regressaram aos seus povoados", disse Zar Alam Jan, um ancião do acampamento. "Mas vamos onde temos de ir. Lá tampouco somos bem-vindos. Temos o dobro de dificuldades. Nosso problema é que não temos propriedades no Afeganistão para nos instalarmos de forma permanente", contou. "O rio levou tudo", lamentou Zar, cofiando a barba cinza. "Azajel não é seguro nem adequado. O Paquistão tem de nos dar um lugar seguro", ressaltou. Envolverde/IPS
Fonte: www.envolverde.com.brRefugiados afegãos no Paquistão afogados pelas penúrias09/09/2010 Ashfaq Yusufzai, da IPS
Quando não olham com tristeza o que foi suas casas ou tentam ajudar algum parente doente, afegãos vítimas das inundações no Paquistão perseguem veículos que circulam pela estrada, que vai de Peshawar até Islamabad, em busca de esmola. O desespero é tão grande que pelo menos cinco mulheres morreram em acidentes nas estradas, correndo atrás de caminhões que elas pensavam estar transportando ajuda humanitária.
As inundações causadas pela monção afetaram o noroeste do país em meados de julho e destruíram tudo em sua passagem. Cerca de 20 milhões de pessoas sofreram as consequências, um em cada dez habitantes, segundo dados oficiais. Não há certeza de que esse número inclua os refugiados afegãos, 1,7 milhão de pessoas. A maioria se encontra na província de Jiber Pajtunjwa.
Com milhões de paquistaneses afetados pelas inundações, os afegãos afirmam que eles não são prioridade para seus anfitriões. Os refugiados, que vivem em 17 distritos de Jiber Pajtunjwa, perderam mais de 12.600 casas e 85.800 deles ficaram sem teto, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur). Além disso, centenas de milhares de pessoas ficaram sem ter o que comer e beber, muitos adoeceram. Até a ajuda médica demorou a chegar.
"Corri para perto de La Meca para conseguir dinheiro. Meus três filhos estão no hospital", contou o afegão Rasool Shah, de 31 anos. "Eu tinha uma pequena barraca no acampamento que a água levou. Agora não tenho nem um centavo. Os médicos aconselharam a internar meus três filhos por causa de diarreia aguda crônica, mas não temos assistência gratuita", disse.
As vítimas paquistanesas tiveram muito apoio médico, mas os afegãos parece que foram ignorados pelo governo, disse à IPS a presidente da Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia do Paquistão, Lubna Hassan. A situação está muito deteriorada e pode piorar nos próximos dias, afirmaram médicos de uma clínica montada pela organização local Falah Insaniat, perto de Azajel, um dos maiores acampamentos de refugiados.
"A maioria dos habitantes do acampamento tem diarreia, disenteria, tifo, sarna e malária, pois carecem de água potável", disse o médico Riaz Alam. "Recebemos cerca de 300 pacientes por dia, na maioria mulheres e crianças, com diferentes doenças causadas pelas inundações", contou. "Há cerca de 700 grávidas de Azajel que precisam de medicamentos e cuidados pré-natal. Não têm alimentação balanceada e darão à luz bebês enfermos. Necessitam de exames regulares. A maioria tem anemia", disse Lubna.
Dos menores afegãos, 75% têm diarreia e disenteria e 35% apresentam infecções cutâneas, disse o vice-presidente da Associação de Pediatria do Paquistão, Sabir Ali. Além disso, "85% estão desnutridos. E não há sinais de que a situação vai melhorar, pela falta de higiene em que vivem os afegãos. Não têm água nem instalações sanitárias e nem uma dieta balanceada", afirmou.
Os acampamentos de refugiados ficam nos arredores de Peshawar, capital provincial, que está a 141 quilômetros de Islamabad, destruídas pelas inundações. Azajel, que tinha 23 mil habitantes, está em ruínas. O Acnur entregou 1.100 barracas, quantidade insuficiente, além de não haver onde serem instaladas. Muitos refugiados afegãos acabaram instalando-se na estrada que vai para Islamabad. Várias famílias montaram suas barracas no meio do caminho, para ficar mais próximas dos veículos, que mulheres e crianças perseguem pedindo esmola.
Os afegãos começaram a emigrar para o Paquistão há cerca de três décadas, após a invasão soviética. Este país chegou a ter 27 acampamentos de refugiados, mas muitos foram fechados há três anos quando sumiu a ajuda internacional. Islamabad concordou que os refugiados ficassem até dezembro de 2012, e a Organização das Nações Unidas implementou um programa de repatriação voluntária. Centenas de milhares de afegãos regressam ao seu país todos os anos.
Desde o início das inundações, cerca de 400 famílias regressaram ao Afeganistão. "Os refugiados que tinham propriedades no Afeganistão regressaram aos seus povoados", disse Zar Alam Jan, um ancião do acampamento. "Mas vamos onde temos de ir. Lá tampouco somos bem-vindos. Temos o dobro de dificuldades. Nosso problema é que não temos propriedades no Afeganistão para nos instalarmos de forma permanente", contou. "O rio levou tudo", lamentou Zar, cofiando a barba cinza. "Azajel não é seguro nem adequado. O Paquistão tem de nos dar um lugar seguro", ressaltou. Envolverde/IPS
Fonte: www.envolverde.com.brRefugiados afegãos no Paquistão afogados pelas penúrias09/09/2010 Ashfaq Yusufzai, da IPS
Quando não olham com tristeza o que foi suas casas ou tentam ajudar algum parente doente, afegãos vítimas das inundações no Paquistão perseguem veículos que circulam pela estrada, que vai de Peshawar até Islamabad, em busca de esmola. O desespero é tão grande que pelo menos cinco mulheres morreram em acidentes nas estradas, correndo atrás de caminhões que elas pensavam estar transportando ajuda humanitária.
As inundações causadas pela monção afetaram o noroeste do país em meados de julho e destruíram tudo em sua passagem. Cerca de 20 milhões de pessoas sofreram as consequências, um em cada dez habitantes, segundo dados oficiais. Não há certeza de que esse número inclua os refugiados afegãos, 1,7 milhão de pessoas. A maioria se encontra na província de Jiber Pajtunjwa.
Com milhões de paquistaneses afetados pelas inundações, os afegãos afirmam que eles não são prioridade para seus anfitriões. Os refugiados, que vivem em 17 distritos de Jiber Pajtunjwa, perderam mais de 12.600 casas e 85.800 deles ficaram sem teto, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur). Além disso, centenas de milhares de pessoas ficaram sem ter o que comer e beber, muitos adoeceram. Até a ajuda médica demorou a chegar.
"Corri para perto de La Meca para conseguir dinheiro. Meus três filhos estão no hospital", contou o afegão Rasool Shah, de 31 anos. "Eu tinha uma pequena barraca no acampamento que a água levou. Agora não tenho nem um centavo. Os médicos aconselharam a internar meus três filhos por causa de diarreia aguda crônica, mas não temos assistência gratuita", disse.
As vítimas paquistanesas tiveram muito apoio médico, mas os afegãos parece que foram ignorados pelo governo, disse à IPS a presidente da Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia do Paquistão, Lubna Hassan. A situação está muito deteriorada e pode piorar nos próximos dias, afirmaram médicos de uma clínica montada pela organização local Falah Insaniat, perto de Azajel, um dos maiores acampamentos de refugiados.
"A maioria dos habitantes do acampamento tem diarreia, disenteria, tifo, sarna e malária, pois carecem de água potável", disse o médico Riaz Alam. "Recebemos cerca de 300 pacientes por dia, na maioria mulheres e crianças, com diferentes doenças causadas pelas inundações", contou. "Há cerca de 700 grávidas de Azajel que precisam de medicamentos e cuidados pré-natal. Não têm alimentação balanceada e darão à luz bebês enfermos. Necessitam de exames regulares. A maioria tem anemia", disse Lubna.
Dos menores afegãos, 75% têm diarreia e disenteria e 35% apresentam infecções cutâneas, disse o vice-presidente da Associação de Pediatria do Paquistão, Sabir Ali. Além disso, "85% estão desnutridos. E não há sinais de que a situação vai melhorar, pela falta de higiene em que vivem os afegãos. Não têm água nem instalações sanitárias e nem uma dieta balanceada", afirmou.
Os acampamentos de refugiados ficam nos arredores de Peshawar, capital provincial, que está a 141 quilômetros de Islamabad, destruídas pelas inundações. Azajel, que tinha 23 mil habitantes, está em ruínas. O Acnur entregou 1.100 barracas, quantidade insuficiente, além de não haver onde serem instaladas. Muitos refugiados afegãos acabaram instalando-se na estrada que vai para Islamabad. Várias famílias montaram suas barracas no meio do caminho, para ficar mais próximas dos veículos, que mulheres e crianças perseguem pedindo esmola.
Os afegãos começaram a emigrar para o Paquistão há cerca de três décadas, após a invasão soviética. Este país chegou a ter 27 acampamentos de refugiados, mas muitos foram fechados há três anos quando sumiu a ajuda internacional. Islamabad concordou que os refugiados ficassem até dezembro de 2012, e a Organização das Nações Unidas implementou um programa de repatriação voluntária. Centenas de milhares de afegãos regressam ao seu país todos os anos.
Desde o início das inundações, cerca de 400 famílias regressaram ao Afeganistão. "Os refugiados que tinham propriedades no Afeganistão regressaram aos seus povoados", disse Zar Alam Jan, um ancião do acampamento. "Mas vamos onde temos de ir. Lá tampouco somos bem-vindos. Temos o dobro de dificuldades. Nosso problema é que não temos propriedades no Afeganistão para nos instalarmos de forma permanente", contou. "O rio levou tudo", lamentou Zar, cofiando a barba cinza. "Azajel não é seguro nem adequado. O Paquistão tem de nos dar um lugar seguro", ressaltou. Envolverde/IPS
Fonte: www.envolverde.com.br

EXTERMINIO DE JOVENS.

Campanha Contra o Extermínio de Jovens é lançada no Piauí 09/09/2010 Pastoral da Juventude
A Pastoral da Juventude realizou nos dias 27, 28 e 29 de agosto o I Seminário Regional da Juventude na Diocese de Oeiras - PI. Durante o evento aconteceu o lançamento estadual da Campanha Nacional Contra a Violência e o Extermínio de Jovens. O bispo diocesano, Dom Juarez Souza, e a secretária nacional da Pastoral da Juventude, Hildete Emanuele, marcaram presença durante todo o seminário.
Juventude PiauiDom Juarez: "É necessário lutar contra as estruturas de morte". O evento reuniu mais de 80 jovens e promoveu uma discussão sobre a realidade da juventude."O seminário aconteceu em um clima de muita fraternidade, de muito trabalho, enfrentamos alguns desafios, mas o que nos surpreendeu foi a capacidade que os jovens tem de realizar de uma forma criativa, descontraída, alegre e ao mesmo tempo comprometida", contou Dom Juarez.
Um dos assuntos debatidos foi a situação em que se encontram muitos jovens, que saem de suas cidades para trabalhar no corte de cana em outros estados e acabam não retornando à sua cidade natal. "É necessário lutar contra essas estruturas de morte que são implantadas na nossa sociedade", alertou o bispo.
O seminário reuniu cerca de 100 jovens das oito dioceses do Piauí (Bom Jesus, Campo Maior, Floriano, Oeiras, Parnaíba, Picos, São Raimundo Nonato e Teresina) e contou ainda com as presenças da coordenadora regional da PJ, Ângela Maria, das assessoras da Casa da Juventude Pe. Burnier de Goiânia, Kelly Critina e Alexandra Miranda, além de religiosos e leigos.
Chega de violênciaSegundo o relatório feito pela RITLA, morrem por dia, em média, 54 jovens vítimas de homicídios no Brasil. Um estudo inédito divulgado pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos estima que 33.504 adolescentes brasileiros serão assassinados no período de sete anos que vai de 2006 a 2013.
Com informações da Pascom Diocese de Oeiras.
Fonte: www.juventudeemmarcha.orgCampanha Contra o Extermínio de Jovens é lançada no Piauí 09/09/2010 Pastoral da Juventude
A Pastoral da Juventude realizou nos dias 27, 28 e 29 de agosto o I Seminário Regional da Juventude na Diocese de Oeiras - PI. Durante o evento aconteceu o lançamento estadual da Campanha Nacional Contra a Violência e o Extermínio de Jovens. O bispo diocesano, Dom Juarez Souza, e a secretária nacional da Pastoral da Juventude, Hildete Emanuele, marcaram presença durante todo o seminário.
Juventude PiauiDom Juarez: "É necessário lutar contra as estruturas de morte". O evento reuniu mais de 80 jovens e promoveu uma discussão sobre a realidade da juventude."O seminário aconteceu em um clima de muita fraternidade, de muito trabalho, enfrentamos alguns desafios, mas o que nos surpreendeu foi a capacidade que os jovens tem de realizar de uma forma criativa, descontraída, alegre e ao mesmo tempo comprometida", contou Dom Juarez.
Um dos assuntos debatidos foi a situação em que se encontram muitos jovens, que saem de suas cidades para trabalhar no corte de cana em outros estados e acabam não retornando à sua cidade natal. "É necessário lutar contra essas estruturas de morte que são implantadas na nossa sociedade", alertou o bispo.
O seminário reuniu cerca de 100 jovens das oito dioceses do Piauí (Bom Jesus, Campo Maior, Floriano, Oeiras, Parnaíba, Picos, São Raimundo Nonato e Teresina) e contou ainda com as presenças da coordenadora regional da PJ, Ângela Maria, das assessoras da Casa da Juventude Pe. Burnier de Goiânia, Kelly Critina e Alexandra Miranda, além de religiosos e leigos.
Chega de violênciaSegundo o relatório feito pela RITLA, morrem por dia, em média, 54 jovens vítimas de homicídios no Brasil. Um estudo inédito divulgado pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos estima que 33.504 adolescentes brasileiros serão assassinados no período de sete anos que vai de 2006 a 2013.
Com informações da Pascom Diocese de Oeiras.
Fonte: www.juventudeemmarcha.orgCampanha Contra o Extermínio de Jovens é lançada no Piauí 09/09/2010 Pastoral da Juventude
A Pastoral da Juventude realizou nos dias 27, 28 e 29 de agosto o I Seminário Regional da Juventude na Diocese de Oeiras - PI. Durante o evento aconteceu o lançamento estadual da Campanha Nacional Contra a Violência e o Extermínio de Jovens. O bispo diocesano, Dom Juarez Souza, e a secretária nacional da Pastoral da Juventude, Hildete Emanuele, marcaram presença durante todo o seminário.
Juventude PiauiDom Juarez: "É necessário lutar contra as estruturas de morte". O evento reuniu mais de 80 jovens e promoveu uma discussão sobre a realidade da juventude."O seminário aconteceu em um clima de muita fraternidade, de muito trabalho, enfrentamos alguns desafios, mas o que nos surpreendeu foi a capacidade que os jovens tem de realizar de uma forma criativa, descontraída, alegre e ao mesmo tempo comprometida", contou Dom Juarez.
Um dos assuntos debatidos foi a situação em que se encontram muitos jovens, que saem de suas cidades para trabalhar no corte de cana em outros estados e acabam não retornando à sua cidade natal. "É necessário lutar contra essas estruturas de morte que são implantadas na nossa sociedade", alertou o bispo.
O seminário reuniu cerca de 100 jovens das oito dioceses do Piauí (Bom Jesus, Campo Maior, Floriano, Oeiras, Parnaíba, Picos, São Raimundo Nonato e Teresina) e contou ainda com as presenças da coordenadora regional da PJ, Ângela Maria, das assessoras da Casa da Juventude Pe. Burnier de Goiânia, Kelly Critina e Alexandra Miranda, além de religiosos e leigos.
Chega de violênciaSegundo o relatório feito pela RITLA, morrem por dia, em média, 54 jovens vítimas de homicídios no Brasil. Um estudo inédito divulgado pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos estima que 33.504 adolescentes brasileiros serão assassinados no período de sete anos que vai de 2006 a 2013.
Com informações da Pascom Diocese de Oeiras.
Fonte: www.juventudeemmarcha.org

INDIOS GUARANIS.

Indígena guarani, no Paraná, está desaparecido09/09/2010 Cimi
Desde o dia 18 de agosto, o indígena guarani João Martins, de aproximadamente 30 anos, está desaparecido. João é membro da comunidade Guarani Tekoha Y Hovy que está acampada na vila Eletrosul, município de Guaíra, no Paraná. Segundo relatos, o desaparecimento aconteceu logo depois de um ritual religioso na casa de reza da comunidade. Membros da comunidade já entraram em contato com o Ministério Público Federal na região e com a Polícia Federal, que já fez algumas buscas, mas não encontrou nenhum vestígio do rapaz.
Para Paulina Martinez Benitez, uma das lideranças da comunidade e membro da comissão de Terras Guarani, há várias hipóteses para o caso, mas os parentes desconfiam que os proprietários de terras estejam por traz do desaparecimento. "Não havia motivos para o João sair, até porque ele não tem muitos contatos na cidade e saía muito pouco daqui. Infelizmente, esperamos pelo pior, pois aqui recebemos muitas ameaças e algumas famílias até saíram da região cooptados por estes fazendeiros", declarou.
De acordo com Paulina, a comunidade já chegou a pedir viaturas da polícia para passar durantes alguns dias à noite perto da comunidade, mas o pedido foi negado. "Depois do acontecido, ninguém dorme direito. Passamos as madrugadas nos revezando para vigiar nossos parentes e a gente acaba ficando com um pouco de medo", ressaltou.
ResistênciaA comunidade de Y Hovy se encontra em uma área ocupada, ainda não regularizada, de 17 alqueires que pertencem, parte a um proprietário local, parte a prefeitura municipal de Guaíra. Atualmente vivem 12 famílias no local. Eles retomaram a pose da área em 7 de novembro de 2009, e desde então vêm resistindo no local e reivindicando a demarcação da terra tradicional.
Mesmo com tantas reivindicações a Fundação Nacional do Índio (Funai) ainda não compôs o Grupo de Trabalho (GT) para realizar o estudo de identificação da área. Os indígenas da comunidade vivem constantemente ameaçados por fazendeiros do entorno, pois o acampamento é cercado de fazendas e cortado por uma estrada onde circulam caminhões com sementes e outros carregamentos das fazendas próximas. O trânsito é constante.
No acampamento não há o mínimo de estrutura, o saneamento básico é precário e os indígenas têm como fonte de água, apenas um cano que fica na beira da referida estrada que atravessa a comunidade. Por este cano os indígenas bebem água, lavam roupas, tomam banho, extremamente expostos aos perigos da rodovia.
Forças na espiritualidadeDepois de tantas buscas sem sucesso, os membros da comunidade buscam forças na espiritualidade Guarani. Os indígenas fazem muitas rezas e agora aguardam a presença de um pajé para tentar encontrar o lugar onde está o corpo.
Segundo Paulina, o acontecimento fortaleceu ainda mais a luta da comunidade. "Se eles acham que vamos desistir, estão enganados. Agora é que vamos continuar aqui na área e lutar por nossa terra tradicional!".
Procurado pela assessoria do Cimi, o Ministério Público Federal de Umuarana, município do estado, informou que um procurador do orgão está em Guaíra para verificar pessoalmente a situação.
O Cimi lamenta o desaparecimento do indígena Guarani e espera que as autoridades tomem providências o mais rápido possível, afim de que João Martins seja encontrado e que as terras tradicionais da comunidade Y Hovy sejam devolvidas.
Fonte: www.cimi.org.brIndígena guarani, no Paraná, está desaparecido09/09/2010 Cimi
Desde o dia 18 de agosto, o indígena guarani João Martins, de aproximadamente 30 anos, está desaparecido. João é membro da comunidade Guarani Tekoha Y Hovy que está acampada na vila Eletrosul, município de Guaíra, no Paraná. Segundo relatos, o desaparecimento aconteceu logo depois de um ritual religioso na casa de reza da comunidade. Membros da comunidade já entraram em contato com o Ministério Público Federal na região e com a Polícia Federal, que já fez algumas buscas, mas não encontrou nenhum vestígio do rapaz.
Para Paulina Martinez Benitez, uma das lideranças da comunidade e membro da comissão de Terras Guarani, há várias hipóteses para o caso, mas os parentes desconfiam que os proprietários de terras estejam por traz do desaparecimento. "Não havia motivos para o João sair, até porque ele não tem muitos contatos na cidade e saía muito pouco daqui. Infelizmente, esperamos pelo pior, pois aqui recebemos muitas ameaças e algumas famílias até saíram da região cooptados por estes fazendeiros", declarou.
De acordo com Paulina, a comunidade já chegou a pedir viaturas da polícia para passar durantes alguns dias à noite perto da comunidade, mas o pedido foi negado. "Depois do acontecido, ninguém dorme direito. Passamos as madrugadas nos revezando para vigiar nossos parentes e a gente acaba ficando com um pouco de medo", ressaltou.
ResistênciaA comunidade de Y Hovy se encontra em uma área ocupada, ainda não regularizada, de 17 alqueires que pertencem, parte a um proprietário local, parte a prefeitura municipal de Guaíra. Atualmente vivem 12 famílias no local. Eles retomaram a pose da área em 7 de novembro de 2009, e desde então vêm resistindo no local e reivindicando a demarcação da terra tradicional.
Mesmo com tantas reivindicações a Fundação Nacional do Índio (Funai) ainda não compôs o Grupo de Trabalho (GT) para realizar o estudo de identificação da área. Os indígenas da comunidade vivem constantemente ameaçados por fazendeiros do entorno, pois o acampamento é cercado de fazendas e cortado por uma estrada onde circulam caminhões com sementes e outros carregamentos das fazendas próximas. O trânsito é constante.
No acampamento não há o mínimo de estrutura, o saneamento básico é precário e os indígenas têm como fonte de água, apenas um cano que fica na beira da referida estrada que atravessa a comunidade. Por este cano os indígenas bebem água, lavam roupas, tomam banho, extremamente expostos aos perigos da rodovia.
Forças na espiritualidadeDepois de tantas buscas sem sucesso, os membros da comunidade buscam forças na espiritualidade Guarani. Os indígenas fazem muitas rezas e agora aguardam a presença de um pajé para tentar encontrar o lugar onde está o corpo.
Segundo Paulina, o acontecimento fortaleceu ainda mais a luta da comunidade. "Se eles acham que vamos desistir, estão enganados. Agora é que vamos continuar aqui na área e lutar por nossa terra tradicional!".
Procurado pela assessoria do Cimi, o Ministério Público Federal de Umuarana, município do estado, informou que um procurador do orgão está em Guaíra para verificar pessoalmente a situação.
O Cimi lamenta o desaparecimento do indígena Guarani e espera que as autoridades tomem providências o mais rápido possível, afim de que João Martins seja encontrado e que as terras tradicionais da comunidade Y Hovy sejam devolvidas.
Fonte: www.cimi.org.br

RIO SÃO FRANCISCO.

A Cobrança pela Água no São Francisco09/09/2010 Roberto Malvezzi (Gogó) *
Como estava previsto na lei nacional de Recursos Hídricos 9433/97, a cobrança pelo uso da água começa a se difundir pelo Brasil. Ela se torna possível quando é criado um comitê de bacia e esse comitê cria sua agência de águas, isto é, um corpo técnico que se torna responsável pela implementação da cobrança. Entretanto, a cobrança é uma decisão do comitê.
O São Francisco começa nesse mês a cobrar pela água, o que tem deixado muita gente preocupada. De fato, a cobrança pela água é muito mais complexa do que se pode imaginar a primeira vista. Os chamados usuários - qualquer ente físico ou jurídico que utilize águas de um determinado corpo d'água, como irrigantes, indústria, serviços de saneamento, etc. - terão que pagar por ela, desde que esteja acima do chamado "uso insignificante", que no São Francisco foi determinado em 4 litros por segundo. Acima disso, qualquer usuário terá que receber uma outorga e terá que pagar por cada metro cúbico utilizado.
Mas, não paga apenas pelo que capta, pagará também pelo que devolve ao corpo d'água em forma de efluentes. Quanto mais limpa for a água captada, mais caro se paga. Quanto mais suja for a água devolvida, mais caro se paga. Quando o uso é "consuntivo", isto é, a água retirada não volta mais àquele corpo d'água, como é o caso da Transposição, ainda mais caro se deve pagar.
O critério é o enquadramento dos corpos d'água, que de forma sintética, classifica a qualidade da água. Aí entra outro fator complexo, já que a classificação é pelo DBO - demanda biológica por oxigênio - que indica a demanda de oxigênio que aquele efluente vai demandar do corpo d'água para processar seu material orgânico. Portanto, não são avaliadas questões chaves, como a contaminação por metais pesados.
A água do São Francisco a ser captada pela Transposição está classificada no nível 2, portanto, nem a melhor das águas, nem a pior. Além do mais, é um uso cem por cento consuntivo, já que nenhuma gota voltará ao São Francisco. O problema é que sua adução até os demais estados demanda muita energia e manutenção dos canais e maquinários. Então, o governo, que sempre garantiu que essa água seria barata, agora quer impor redução no preço da água transposta. Resultado, os beradeiros do São Francisco poderão pagar mais caro pela água do rio que os receptores nos estados do setentrional.
Discute-se também se para pôr um barco na água, para pescar, etc., esses pequenos usuários deveriam pagar. Pelo menos no comitê do São Francisco, ainda não. Porém, os pequenos agricultores mineiros estão apavorados porque agora tem que registrar suas minações, olhos d'água e outras formas de captação, mesmo que o uso seja insignificante e não tenham que pagar pelo seu uso.
Enfim, agora água é mercadoria, tem valor econômico e será vendida como qualquer produto. Há quem defenda a cobrança pela água como uma medida pedagógica e disciplinar. Nós achamos que o mecanismo da cobrança não estabelece o uso equitativo da água - quem tiver outorga e dinheiro para comprar leva -, e que outros mecanismos seriam mais eficientes para disciplinar e fazer justiça no uso da água. Mas, prevaleceram os interesses e a lógica do capital, embutidos em nossa lei de recursos hídricos.
No futuro, quando toda água estiver mercantilizada, novas formas de fazer da água um negócio deverão aparecer. Previmos esses desdobramentos desde a Campanha da Fraternidade da Água, em 2004. Agora estamos colhendo os frutos da implementação dessa lei e da política que ela nos trouxe.
* Roberto Malvezzi (Gogó) é agente Pastoral da Comissão Pastoral da Terra - CPT.
Fonte: Roberto Malvezzi (GogóA Cobrança pela Água no São Francisco09/09/2010 Roberto Malvezzi (Gogó) *
Como estava previsto na lei nacional de Recursos Hídricos 9433/97, a cobrança pelo uso da água começa a se difundir pelo Brasil. Ela se torna possível quando é criado um comitê de bacia e esse comitê cria sua agência de águas, isto é, um corpo técnico que se torna responsável pela implementação da cobrança. Entretanto, a cobrança é uma decisão do comitê.
O São Francisco começa nesse mês a cobrar pela água, o que tem deixado muita gente preocupada. De fato, a cobrança pela água é muito mais complexa do que se pode imaginar a primeira vista. Os chamados usuários - qualquer ente físico ou jurídico que utilize águas de um determinado corpo d'água, como irrigantes, indústria, serviços de saneamento, etc. - terão que pagar por ela, desde que esteja acima do chamado "uso insignificante", que no São Francisco foi determinado em 4 litros por segundo. Acima disso, qualquer usuário terá que receber uma outorga e terá que pagar por cada metro cúbico utilizado.
Mas, não paga apenas pelo que capta, pagará também pelo que devolve ao corpo d'água em forma de efluentes. Quanto mais limpa for a água captada, mais caro se paga. Quanto mais suja for a água devolvida, mais caro se paga. Quando o uso é "consuntivo", isto é, a água retirada não volta mais àquele corpo d'água, como é o caso da Transposição, ainda mais caro se deve pagar.
O critério é o enquadramento dos corpos d'água, que de forma sintética, classifica a qualidade da água. Aí entra outro fator complexo, já que a classificação é pelo DBO - demanda biológica por oxigênio - que indica a demanda de oxigênio que aquele efluente vai demandar do corpo d'água para processar seu material orgânico. Portanto, não são avaliadas questões chaves, como a contaminação por metais pesados.
A água do São Francisco a ser captada pela Transposição está classificada no nível 2, portanto, nem a melhor das águas, nem a pior. Além do mais, é um uso cem por cento consuntivo, já que nenhuma gota voltará ao São Francisco. O problema é que sua adução até os demais estados demanda muita energia e manutenção dos canais e maquinários. Então, o governo, que sempre garantiu que essa água seria barata, agora quer impor redução no preço da água transposta. Resultado, os beradeiros do São Francisco poderão pagar mais caro pela água do rio que os receptores nos estados do setentrional.
Discute-se também se para pôr um barco na água, para pescar, etc., esses pequenos usuários deveriam pagar. Pelo menos no comitê do São Francisco, ainda não. Porém, os pequenos agricultores mineiros estão apavorados porque agora tem que registrar suas minações, olhos d'água e outras formas de captação, mesmo que o uso seja insignificante e não tenham que pagar pelo seu uso.
Enfim, agora água é mercadoria, tem valor econômico e será vendida como qualquer produto. Há quem defenda a cobrança pela água como uma medida pedagógica e disciplinar. Nós achamos que o mecanismo da cobrança não estabelece o uso equitativo da água - quem tiver outorga e dinheiro para comprar leva -, e que outros mecanismos seriam mais eficientes para disciplinar e fazer justiça no uso da água. Mas, prevaleceram os interesses e a lógica do capital, embutidos em nossa lei de recursos hídricos.
No futuro, quando toda água estiver mercantilizada, novas formas de fazer da água um negócio deverão aparecer. Previmos esses desdobramentos desde a Campanha da Fraternidade da Água, em 2004. Agora estamos colhendo os frutos da implementação dessa lei e da política que ela nos trouxe.
* Roberto Malvezzi (Gogó) é agente Pastoral da Comissão Pastoral da Terra - CPT.
Fonte: Roberto Malvezzi (Gogó

AGROTÓXICOS.

Em MT, agrotóxico presente na água, no ar e no sangue09/09/2010 Jorge Américo
O agrotóxico está presente na terra, na água, no ar e até mesmo no sangue e na urina dos moradores de dois municípios produtores de grãos, no Mato Grosso. A Constatação foi feita pela Fundação Oswaldo Cruz e pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), que mediram os efeitos do uso de agrotóxicos em Campo Verde e Lucas do Rio Verde.
O estudo monitorou a água dos poços artesianos e identificou a existência de resíduos de agrotóxicos em 32% das amostras analisadas. Em 40% dos testes com a água da chuva também foi identificada a presença de defensores agrícolas. Nos testes com o ar, 11% das amostras continham substâncias tóxicas, como o endossulfam, proibido pelo potencial cancerígeno. O médico e professor da UFMT, Wanderlei Pignati, relata como se dá o processo de contaminação.
"Os reflexos negativos do agrotóxico ocorrem no trabalhador, que aplica diretamente, na família, que muitas vezes mora dentro das plantações de soja, e na periferia das cidades. Não só aqui no Mato Grosso, as pessoas plantam e pulverizam quase que em cima das casas. Teremos um impacto no ambiente e isso faraz com que a população absorva esses agrotóxicos, resultando em intoxicações crônicas."
No ano de 2009, foram despejadas um milhão de toneladas de agrotóxicos nas lavouras brasileiras. Somente o Mato Grosso utilizou 11% dessa quantidade. Pignati revela que os dados das Secretarias e Ministério da Saúde sobre intoxicação coincidem com os índices de produção no campo.
"No Mato Grosso, nas regiões que mais produzem soja, milho e algodão, tem uma incidência três vezes maior de intoxicação aguda. Diarréia, vômito, desmaio. Alguns até morrem. [As substâncias] dão distúrbios cardíacos, pulmonares e até distúrbios psiquiátricos."
Fonte: www.envolverde.com.brEm MT, agrotóxico presente na água, no ar e no sangue09/09/2010 Jorge Américo
O agrotóxico está presente na terra, na água, no ar e até mesmo no sangue e na urina dos moradores de dois municípios produtores de grãos, no Mato Grosso. A Constatação foi feita pela Fundação Oswaldo Cruz e pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), que mediram os efeitos do uso de agrotóxicos em Campo Verde e Lucas do Rio Verde.
O estudo monitorou a água dos poços artesianos e identificou a existência de resíduos de agrotóxicos em 32% das amostras analisadas. Em 40% dos testes com a água da chuva também foi identificada a presença de defensores agrícolas. Nos testes com o ar, 11% das amostras continham substâncias tóxicas, como o endossulfam, proibido pelo potencial cancerígeno. O médico e professor da UFMT, Wanderlei Pignati, relata como se dá o processo de contaminação.
"Os reflexos negativos do agrotóxico ocorrem no trabalhador, que aplica diretamente, na família, que muitas vezes mora dentro das plantações de soja, e na periferia das cidades. Não só aqui no Mato Grosso, as pessoas plantam e pulverizam quase que em cima das casas. Teremos um impacto no ambiente e isso faraz com que a população absorva esses agrotóxicos, resultando em intoxicações crônicas."
No ano de 2009, foram despejadas um milhão de toneladas de agrotóxicos nas lavouras brasileiras. Somente o Mato Grosso utilizou 11% dessa quantidade. Pignati revela que os dados das Secretarias e Ministério da Saúde sobre intoxicação coincidem com os índices de produção no campo.
"No Mato Grosso, nas regiões que mais produzem soja, milho e algodão, tem uma incidência três vezes maior de intoxicação aguda. Diarréia, vômito, desmaio. Alguns até morrem. [As substâncias] dão distúrbios cardíacos, pulmonares e até distúrbios psiquiátricos."
Fonte: www.envolverde.com.br

UM OLHAR SOBRE A HISTÓRIA DA IGREJA NO BRSIL.

Um olhar sobre a história da Igreja do Brasil09/09/2010 Mário de Carli e Maria Salete
Na Festa da Natividade de Nossa Senhora, dia 8 de setembro, padre Manoel Godoy, diretor executivo do ISTA (Instituto Santo Tomás de Aquino) de Belo Horizonte, MG, apresentou o tema: "Projetos e Métodos para uma Nova Evangelização. Memória, seguimento e perspectivas".
O teólogo teceu considerações sobre a Missão a partir da Encíclica Redemptoris Missio n. 33. A Missão como anúncio de Jesus Cristo aos que ainda não o conhecem.
Se olharmos para os projetos de evangelização da Igreja persistem elementos da "implantação da Igreja", um projetar-se de si mesma diante do mundo. Porém o sonho da Nova Evangelização ainda continua e suas raízes estão no Evangelho, sobretudo na vida dos cristãos.
Muito embora, hoje, a Igreja Católica quer se fazer ouvir a qualquer custo, vive o dilema de um tempo onde sua palavra ainda não consegue unificar o caminhar dos cristãos que ela se propõe. Em virtude disso, há uma nova onda clerical em que se prioriza a estética, a imagem, o show e a aparência em detrimento da ação evangelizadora. Porém, um dos grandes saltos qualitativos da Igreja depois do Concilio Vaticano II em 1974 foi o documento pós-conciliar, Evangelli Nunciandi "Evangelização para todos os Povos" que teve melhor recepção pelo conjunto do povo de Deus.
Sobre a gênese da Pastoral no BrasilPadre Manoel Godoy lembrou que no final do século XIX aconteceu a separação entre Igreja e Estado, a República marca profundamente o nosso ser Igreja no Brasil, e o episcopado começa a ver o Brasil de uma maneira nova para articular suas pastorais. Tivemos pessoas ilustres com sua linguagem nos processos evangelizadores, como dom Macedo Costa - bispo de Belém do Pará - que olhava todo o nosso país e já sonha com uma pastoral de conjunto - uma ação conjunta da Igreja - na qual expunha à cúria romana a necessidade de um concílio plenário brasileiro. Não obtendo êxito impulsionou a criação de novas dioceses.
Padre Manoel Godoy recordou dois momentos importantes na vida da Igreja, orientado pelo Cardeal Leme: em 31 de maio de 1930 a visita de Nossa Senhora Aparecida ao Rio de Janeiro com a presença de 1 milhão de pessoas; e no dia 12 de outubro de 1931, a inauguração da estátua do Cristo Redentor.
O Governo Vargas tremeu de medo ao ver a influência que o Cardeal Leme exercia sobre o povo brasileiro. Com a sua influência junto à Constituinte, ele conseguiu a isenção de impostos, o ensino religioso e a filantropia. Grande foi nesta época a influência do Cardeal Leme na convocação dos congressos eucarísticos, e aproveitar destes eventos, para reunir os Bispos para pensar num método novo de evangelizar. Sem pensar muito estava nascendo uma nova visão sobre o episcopado brasileiro.
Surgia naturalmente o método ver, julgar e agir que, mais tarde, deu grande impulso à evangelização no Brasil. Surgiram assim algumas pistas para a ação católica em âmbito nacional. Notavam constantemente que a fragilidade doutrinal era uma constante, justamente com a escassez de clero. Estes dois elementos conjugados se constituem o binômio de preocupação desde a década de 30.
Os resultados se fizeram ver rapidamente: a Ação Católica surge em 1935 e dez anos mais tarde, tem seu papel fundamental na evangelização até os dias de hoje. Em 1950 sob a influência do método belga surgem novos movimentos: JAC, JEC, JOC, JUC e que deu um impulso novo na ação católica no Brasil. Cada grupo tinha o seu assistente espiritual e realizaram muitas iniciativas, graças à aliança entre o Papa, dom Hélder Câmara e o Núncio Apostólico.
Em 1939, liderado por dom Leme realizou-se o I Concílio Brasileiro tão sonhado por dom Macedo. Neste evento foi lançado uma carta pastoral sobre a atuação dos Leigos na sociedade brasileira. Nela constam nomes famosos como os de Jackson Figueiredo, Alceu Amoroso Lima, Gustavo Corção, que escreveu o Romance "Lições de Abismo". Em 1946 surge a primeira universidade católica e em 1952 surgem a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB e o Movimento do Mundo Melhor com o padre Lombardi tendo o aval do Papa Pio XII. Em 1954 os Religiosos fundam a Conferência dos Religiosos do Brasil - CRB, em 1960 surge o Movimento de Educação de Base.
Essa foi uma das melhores épocas da Igreja do Brasil, seja pelos movimentos e obras nascentes, seja pelas vozes que se ouviam dos melhores teólogos. Assim se antevia uma Igreja que tinha o que apresentar mais tarde no Concílio Vaticano II. Plano de EmergênciaEm 1962, no Rio Grande do Norte houve uma grande seca. Como resposta para socorrer aos necessitados surgiu a Coleta Missão da Fraternidade na cidade de Nísia Floresta. Esta iniciativa foi o embrião da Campanha da Fraternidade que se estendeu para todo o Brasil. No dia 25 de setembro de 1962 nascia o primeiro Plano de Pastoral do Brasil, chamado "Plano de Emergência" (1962-1965).
Enquanto isso, a voz do Papa João XXIII, se fazia ouvir sinalizando quatro perigos para a doutrina dos cristãos no continente: o Naturalismo, o Protestantismo, o Espiritismo e o Marxismo. Junto a estas considerações do Papa o episcopado nacional agrega a essas preocupações: o individualismo no apostolado, a falta de clero para evangelizar e, sobretudo, como seriam os convênios entre Governo e Igreja.
O Plano de Emergência teve 4 objetivos como metas centrais:a) A renovação paroquial e buscar princípios básicos e requisitos para a renovação paroquial; b) Recuperação do ministério sacerdotal; c) Renovação do Educandário Católico; d) Introdução a uma Pastoral de conjunto onde é analisada a descoberta da ruptura entre Igreja e o mundo.
Em meio a estes eventos surge em 1963 o Concílio Vaticano II e o Plano de Emergência fica para mais tarde, não havendo um clima favorável para o seu bom desempenho. O Concílio Vaticano II publicou 16 Documentos, dos quais 6 se tornaram os que mais tiveram expressão na realidade brasileira: Dei Verbum, Lumen Gentium, Ad Gentes, Sacrosanctum Concilium, Gaudium et Spes, Unitatis Redintegratio. Todas elas criaram meios e linhas para a Igreja do Brasil se poder organizar pastoralmente.
Plano Pastoral de Conjunto (1966-1970)A Igreja do Brasil procurou trabalhar todos estes seis Documentos do Vaticano II, e a partir deles, surgiram muitas iniciativas pastorais em todo o país. Forneceu não somente uma estrutura para CNBB trabalhar melhor, mas a Igreja teve que aprender a dialogar com todas as tendências do mundo e forças da sociedade.
A partir das Diretrizes Gerais para a Ação Evangelizadora, a Igreja no Brasil tem procurado trabalhar as exigências: o Serviço, o Diálogo, o Anúncio e o Testemunho de Comunhão, na perspectiva da pessoa, da comunidade e da sociedade. Atualmente existem dez Comissões Episcopais.
Hoje, com o Documento de Aparecida, a Missão Continental acontece com pequenas iniciativas ou então não irá muito longe. É da base que virão as pequenas ações para dar impulso a uma dimensão latino-americana.

Fonte: Revista MissõesUm olhar sobre a história da Igreja do Brasil09/09/2010 Mário de Carli e Maria Salete
Na Festa da Natividade de Nossa Senhora, dia 8 de setembro, padre Manoel Godoy, diretor executivo do ISTA (Instituto Santo Tomás de Aquino) de Belo Horizonte, MG, apresentou o tema: "Projetos e Métodos para uma Nova Evangelização. Memória, seguimento e perspectivas".
O teólogo teceu considerações sobre a Missão a partir da Encíclica Redemptoris Missio n. 33. A Missão como anúncio de Jesus Cristo aos que ainda não o conhecem.
Se olharmos para os projetos de evangelização da Igreja persistem elementos da "implantação da Igreja", um projetar-se de si mesma diante do mundo. Porém o sonho da Nova Evangelização ainda continua e suas raízes estão no Evangelho, sobretudo na vida dos cristãos.
Muito embora, hoje, a Igreja Católica quer se fazer ouvir a qualquer custo, vive o dilema de um tempo onde sua palavra ainda não consegue unificar o caminhar dos cristãos que ela se propõe. Em virtude disso, há uma nova onda clerical em que se prioriza a estética, a imagem, o show e a aparência em detrimento da ação evangelizadora. Porém, um dos grandes saltos qualitativos da Igreja depois do Concilio Vaticano II em 1974 foi o documento pós-conciliar, Evangelli Nunciandi "Evangelização para todos os Povos" que teve melhor recepção pelo conjunto do povo de Deus.
Sobre a gênese da Pastoral no BrasilPadre Manoel Godoy lembrou que no final do século XIX aconteceu a separação entre Igreja e Estado, a República marca profundamente o nosso ser Igreja no Brasil, e o episcopado começa a ver o Brasil de uma maneira nova para articular suas pastorais. Tivemos pessoas ilustres com sua linguagem nos processos evangelizadores, como dom Macedo Costa - bispo de Belém do Pará - que olhava todo o nosso país e já sonha com uma pastoral de conjunto - uma ação conjunta da Igreja - na qual expunha à cúria romana a necessidade de um concílio plenário brasileiro. Não obtendo êxito impulsionou a criação de novas dioceses.
Padre Manoel Godoy recordou dois momentos importantes na vida da Igreja, orientado pelo Cardeal Leme: em 31 de maio de 1930 a visita de Nossa Senhora Aparecida ao Rio de Janeiro com a presença de 1 milhão de pessoas; e no dia 12 de outubro de 1931, a inauguração da estátua do Cristo Redentor.
O Governo Vargas tremeu de medo ao ver a influência que o Cardeal Leme exercia sobre o povo brasileiro. Com a sua influência junto à Constituinte, ele conseguiu a isenção de impostos, o ensino religioso e a filantropia. Grande foi nesta época a influência do Cardeal Leme na convocação dos congressos eucarísticos, e aproveitar destes eventos, para reunir os Bispos para pensar num método novo de evangelizar. Sem pensar muito estava nascendo uma nova visão sobre o episcopado brasileiro.
Surgia naturalmente o método ver, julgar e agir que, mais tarde, deu grande impulso à evangelização no Brasil. Surgiram assim algumas pistas para a ação católica em âmbito nacional. Notavam constantemente que a fragilidade doutrinal era uma constante, justamente com a escassez de clero. Estes dois elementos conjugados se constituem o binômio de preocupação desde a década de 30.
Os resultados se fizeram ver rapidamente: a Ação Católica surge em 1935 e dez anos mais tarde, tem seu papel fundamental na evangelização até os dias de hoje. Em 1950 sob a influência do método belga surgem novos movimentos: JAC, JEC, JOC, JUC e que deu um impulso novo na ação católica no Brasil. Cada grupo tinha o seu assistente espiritual e realizaram muitas iniciativas, graças à aliança entre o Papa, dom Hélder Câmara e o Núncio Apostólico.
Em 1939, liderado por dom Leme realizou-se o I Concílio Brasileiro tão sonhado por dom Macedo. Neste evento foi lançado uma carta pastoral sobre a atuação dos Leigos na sociedade brasileira. Nela constam nomes famosos como os de Jackson Figueiredo, Alceu Amoroso Lima, Gustavo Corção, que escreveu o Romance "Lições de Abismo". Em 1946 surge a primeira universidade católica e em 1952 surgem a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB e o Movimento do Mundo Melhor com o padre Lombardi tendo o aval do Papa Pio XII. Em 1954 os Religiosos fundam a Conferência dos Religiosos do Brasil - CRB, em 1960 surge o Movimento de Educação de Base.
Essa foi uma das melhores épocas da Igreja do Brasil, seja pelos movimentos e obras nascentes, seja pelas vozes que se ouviam dos melhores teólogos. Assim se antevia uma Igreja que tinha o que apresentar mais tarde no Concílio Vaticano II. Plano de EmergênciaEm 1962, no Rio Grande do Norte houve uma grande seca. Como resposta para socorrer aos necessitados surgiu a Coleta Missão da Fraternidade na cidade de Nísia Floresta. Esta iniciativa foi o embrião da Campanha da Fraternidade que se estendeu para todo o Brasil. No dia 25 de setembro de 1962 nascia o primeiro Plano de Pastoral do Brasil, chamado "Plano de Emergência" (1962-1965).
Enquanto isso, a voz do Papa João XXIII, se fazia ouvir sinalizando quatro perigos para a doutrina dos cristãos no continente: o Naturalismo, o Protestantismo, o Espiritismo e o Marxismo. Junto a estas considerações do Papa o episcopado nacional agrega a essas preocupações: o individualismo no apostolado, a falta de clero para evangelizar e, sobretudo, como seriam os convênios entre Governo e Igreja.
O Plano de Emergência teve 4 objetivos como metas centrais:a) A renovação paroquial e buscar princípios básicos e requisitos para a renovação paroquial; b) Recuperação do ministério sacerdotal; c) Renovação do Educandário Católico; d) Introdução a uma Pastoral de conjunto onde é analisada a descoberta da ruptura entre Igreja e o mundo.
Em meio a estes eventos surge em 1963 o Concílio Vaticano II e o Plano de Emergência fica para mais tarde, não havendo um clima favorável para o seu bom desempenho. O Concílio Vaticano II publicou 16 Documentos, dos quais 6 se tornaram os que mais tiveram expressão na realidade brasileira: Dei Verbum, Lumen Gentium, Ad Gentes, Sacrosanctum Concilium, Gaudium et Spes, Unitatis Redintegratio. Todas elas criaram meios e linhas para a Igreja do Brasil se poder organizar pastoralmente.
Plano Pastoral de Conjunto (1966-1970)A Igreja do Brasil procurou trabalhar todos estes seis Documentos do Vaticano II, e a partir deles, surgiram muitas iniciativas pastorais em todo o país. Forneceu não somente uma estrutura para CNBB trabalhar melhor, mas a Igreja teve que aprender a dialogar com todas as tendências do mundo e forças da sociedade.
A partir das Diretrizes Gerais para a Ação Evangelizadora, a Igreja no Brasil tem procurado trabalhar as exigências: o Serviço, o Diálogo, o Anúncio e o Testemunho de Comunhão, na perspectiva da pessoa, da comunidade e da sociedade. Atualmente existem dez Comissões Episcopais.
Hoje, com o Documento de Aparecida, a Missão Continental acontece com pequenas iniciativas ou então não irá muito longe. É da base que virão as pequenas ações para dar impulso a uma dimensão latino-americana.

Fonte: Revista MissõesUm olhar sobre a história da Igreja do Brasil09/09/2010 Mário de Carli e Maria Salete
Na Festa da Natividade de Nossa Senhora, dia 8 de setembro, padre Manoel Godoy, diretor executivo do ISTA (Instituto Santo Tomás de Aquino) de Belo Horizonte, MG, apresentou o tema: "Projetos e Métodos para uma Nova Evangelização. Memória, seguimento e perspectivas".
O teólogo teceu considerações sobre a Missão a partir da Encíclica Redemptoris Missio n. 33. A Missão como anúncio de Jesus Cristo aos que ainda não o conhecem.
Se olharmos para os projetos de evangelização da Igreja persistem elementos da "implantação da Igreja", um projetar-se de si mesma diante do mundo. Porém o sonho da Nova Evangelização ainda continua e suas raízes estão no Evangelho, sobretudo na vida dos cristãos.
Muito embora, hoje, a Igreja Católica quer se fazer ouvir a qualquer custo, vive o dilema de um tempo onde sua palavra ainda não consegue unificar o caminhar dos cristãos que ela se propõe. Em virtude disso, há uma nova onda clerical em que se prioriza a estética, a imagem, o show e a aparência em detrimento da ação evangelizadora. Porém, um dos grandes saltos qualitativos da Igreja depois do Concilio Vaticano II em 1974 foi o documento pós-conciliar, Evangelli Nunciandi "Evangelização para todos os Povos" que teve melhor recepção pelo conjunto do povo de Deus.
Sobre a gênese da Pastoral no BrasilPadre Manoel Godoy lembrou que no final do século XIX aconteceu a separação entre Igreja e Estado, a República marca profundamente o nosso ser Igreja no Brasil, e o episcopado começa a ver o Brasil de uma maneira nova para articular suas pastorais. Tivemos pessoas ilustres com sua linguagem nos processos evangelizadores, como dom Macedo Costa - bispo de Belém do Pará - que olhava todo o nosso país e já sonha com uma pastoral de conjunto - uma ação conjunta da Igreja - na qual expunha à cúria romana a necessidade de um concílio plenário brasileiro. Não obtendo êxito impulsionou a criação de novas dioceses.
Padre Manoel Godoy recordou dois momentos importantes na vida da Igreja, orientado pelo Cardeal Leme: em 31 de maio de 1930 a visita de Nossa Senhora Aparecida ao Rio de Janeiro com a presença de 1 milhão de pessoas; e no dia 12 de outubro de 1931, a inauguração da estátua do Cristo Redentor.
O Governo Vargas tremeu de medo ao ver a influência que o Cardeal Leme exercia sobre o povo brasileiro. Com a sua influência junto à Constituinte, ele conseguiu a isenção de impostos, o ensino religioso e a filantropia. Grande foi nesta época a influência do Cardeal Leme na convocação dos congressos eucarísticos, e aproveitar destes eventos, para reunir os Bispos para pensar num método novo de evangelizar. Sem pensar muito estava nascendo uma nova visão sobre o episcopado brasileiro.
Surgia naturalmente o método ver, julgar e agir que, mais tarde, deu grande impulso à evangelização no Brasil. Surgiram assim algumas pistas para a ação católica em âmbito nacional. Notavam constantemente que a fragilidade doutrinal era uma constante, justamente com a escassez de clero. Estes dois elementos conjugados se constituem o binômio de preocupação desde a década de 30.
Os resultados se fizeram ver rapidamente: a Ação Católica surge em 1935 e dez anos mais tarde, tem seu papel fundamental na evangelização até os dias de hoje. Em 1950 sob a influência do método belga surgem novos movimentos: JAC, JEC, JOC, JUC e que deu um impulso novo na ação católica no Brasil. Cada grupo tinha o seu assistente espiritual e realizaram muitas iniciativas, graças à aliança entre o Papa, dom Hélder Câmara e o Núncio Apostólico.
Em 1939, liderado por dom Leme realizou-se o I Concílio Brasileiro tão sonhado por dom Macedo. Neste evento foi lançado uma carta pastoral sobre a atuação dos Leigos na sociedade brasileira. Nela constam nomes famosos como os de Jackson Figueiredo, Alceu Amoroso Lima, Gustavo Corção, que escreveu o Romance "Lições de Abismo". Em 1946 surge a primeira universidade católica e em 1952 surgem a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB e o Movimento do Mundo Melhor com o padre Lombardi tendo o aval do Papa Pio XII. Em 1954 os Religiosos fundam a Conferência dos Religiosos do Brasil - CRB, em 1960 surge o Movimento de Educação de Base.
Essa foi uma das melhores épocas da Igreja do Brasil, seja pelos movimentos e obras nascentes, seja pelas vozes que se ouviam dos melhores teólogos. Assim se antevia uma Igreja que tinha o que apresentar mais tarde no Concílio Vaticano II. Plano de EmergênciaEm 1962, no Rio Grande do Norte houve uma grande seca. Como resposta para socorrer aos necessitados surgiu a Coleta Missão da Fraternidade na cidade de Nísia Floresta. Esta iniciativa foi o embrião da Campanha da Fraternidade que se estendeu para todo o Brasil. No dia 25 de setembro de 1962 nascia o primeiro Plano de Pastoral do Brasil, chamado "Plano de Emergência" (1962-1965).
Enquanto isso, a voz do Papa João XXIII, se fazia ouvir sinalizando quatro perigos para a doutrina dos cristãos no continente: o Naturalismo, o Protestantismo, o Espiritismo e o Marxismo. Junto a estas considerações do Papa o episcopado nacional agrega a essas preocupações: o individualismo no apostolado, a falta de clero para evangelizar e, sobretudo, como seriam os convênios entre Governo e Igreja.
O Plano de Emergência teve 4 objetivos como metas centrais:a) A renovação paroquial e buscar princípios básicos e requisitos para a renovação paroquial; b) Recuperação do ministério sacerdotal; c) Renovação do Educandário Católico; d) Introdução a uma Pastoral de conjunto onde é analisada a descoberta da ruptura entre Igreja e o mundo.
Em meio a estes eventos surge em 1963 o Concílio Vaticano II e o Plano de Emergência fica para mais tarde, não havendo um clima favorável para o seu bom desempenho. O Concílio Vaticano II publicou 16 Documentos, dos quais 6 se tornaram os que mais tiveram expressão na realidade brasileira: Dei Verbum, Lumen Gentium, Ad Gentes, Sacrosanctum Concilium, Gaudium et Spes, Unitatis Redintegratio. Todas elas criaram meios e linhas para a Igreja do Brasil se poder organizar pastoralmente.
Plano Pastoral de Conjunto (1966-1970)A Igreja do Brasil procurou trabalhar todos estes seis Documentos do Vaticano II, e a partir deles, surgiram muitas iniciativas pastorais em todo o país. Forneceu não somente uma estrutura para CNBB trabalhar melhor, mas a Igreja teve que aprender a dialogar com todas as tendências do mundo e forças da sociedade.
A partir das Diretrizes Gerais para a Ação Evangelizadora, a Igreja no Brasil tem procurado trabalhar as exigências: o Serviço, o Diálogo, o Anúncio e o Testemunho de Comunhão, na perspectiva da pessoa, da comunidade e da sociedade. Atualmente existem dez Comissões Episcopais.
Hoje, com o Documento de Aparecida, a Missão Continental acontece com pequenas iniciativas ou então não irá muito longe. É da base que virão as pequenas ações para dar impulso a uma dimensão latino-americana.

Fonte: Revista Missões
Um olhar sobre a história da Igreja do Brasil
09/09/2010 Mário de Carli e Maria Salete
Na Festa da Natividade de Nossa Senhora, dia 8 de setembro, padre Manoel Godoy, diretor executivo do ISTA (Instituto Santo Tomás de Aquino) de Belo Horizonte, MG, apresentou o tema: "Projetos e Métodos para uma Nova Evangelização. Memória, seguimento e perspectivas".
O teólogo teceu considerações sobre a Missão a partir da Encíclica Redemptoris Missio n. 33. A Missão como anúncio de Jesus Cristo aos que ainda não o conhecem.
Se olharmos para os projetos de evangelização da Igreja persistem elementos da "implantação da Igreja", um projetar-se de si mesma diante do mundo. Porém o sonho da Nova Evangelização ainda continua e suas raízes estão no Evangelho, sobretudo na vida dos cristãos.
Muito embora, hoje, a Igreja Católica quer se fazer ouvir a qualquer custo, vive o dilema de um tempo onde sua palavra ainda não consegue unificar o caminhar dos cristãos que ela se propõe. Em virtude disso, há uma nova onda clerical em que se prioriza a estética, a imagem, o show e a aparência em detrimento da ação evangelizadora. Porém, um dos grandes saltos qualitativos da Igreja depois do Concilio Vaticano II em 1974 foi o documento pós-conciliar, Evangelli Nunciandi "Evangelização para todos os Povos" que teve melhor recepção pelo conjunto do povo de Deus.
Sobre a gênese da Pastoral no BrasilPadre Manoel Godoy lembrou que no final do século XIX aconteceu a separação entre Igreja e Estado, a República marca profundamente o nosso ser Igreja no Brasil, e o episcopado começa a ver o Brasil de uma maneira nova para articular suas pastorais. Tivemos pessoas ilustres com sua linguagem nos processos evangelizadores, como dom Macedo Costa - bispo de Belém do Pará - que olhava todo o nosso país e já sonha com uma pastoral de conjunto - uma ação conjunta da Igreja - na qual expunha à cúria romana a necessidade de um concílio plenário brasileiro. Não obtendo êxito impulsionou a criação de novas dioceses.
Padre Manoel Godoy recordou dois momentos importantes na vida da Igreja, orientado pelo Cardeal Leme: em 31 de maio de 1930 a visita de Nossa Senhora Aparecida ao Rio de Janeiro com a presença de 1 milhão de pessoas; e no dia 12 de outubro de 1931, a inauguração da estátua do Cristo Redentor.
O Governo Vargas tremeu de medo ao ver a influência que o Cardeal Leme exercia sobre o povo brasileiro. Com a sua influência junto à Constituinte, ele conseguiu a isenção de impostos, o ensino religioso e a filantropia. Grande foi nesta época a influência do Cardeal Leme na convocação dos congressos eucarísticos, e aproveitar destes eventos, para reunir os Bispos para pensar num método novo de evangelizar. Sem pensar muito estava nascendo uma nova visão sobre o episcopado brasileiro.
Surgia naturalmente o método ver, julgar e agir que, mais tarde, deu grande impulso à evangelização no Brasil. Surgiram assim algumas pistas para a ação católica em âmbito nacional. Notavam constantemente que a fragilidade doutrinal era uma constante, justamente com a escassez de clero. Estes dois elementos conjugados se constituem o binômio de preocupação desde a década de 30.
Os resultados se fizeram ver rapidamente: a Ação Católica surge em 1935 e dez anos mais tarde, tem seu papel fundamental na evangelização até os dias de hoje. Em 1950 sob a influência do método belga surgem novos movimentos: JAC, JEC, JOC, JUC e que deu um impulso novo na ação católica no Brasil. Cada grupo tinha o seu assistente espiritual e realizaram muitas iniciativas, graças à aliança entre o Papa, dom Hélder Câmara e o Núncio Apostólico.
Em 1939, liderado por dom Leme realizou-se o I Concílio Brasileiro tão sonhado por dom Macedo. Neste evento foi lançado uma carta pastoral sobre a atuação dos Leigos na sociedade brasileira. Nela constam nomes famosos como os de Jackson Figueiredo, Alceu Amoroso Lima, Gustavo Corção, que escreveu o Romance "Lições de Abismo". Em 1946 surge a primeira universidade católica e em 1952 surgem a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB e o Movimento do Mundo Melhor com o padre Lombardi tendo o aval do Papa Pio XII. Em 1954 os Religiosos fundam a Conferência dos Religiosos do Brasil - CRB, em 1960 surge o Movimento de Educação de Base.
Essa foi uma das melhores épocas da Igreja do Brasil, seja pelos movimentos e obras nascentes, seja pelas vozes que se ouviam dos melhores teólogos. Assim se antevia uma Igreja que tinha o que apresentar mais tarde no Concílio Vaticano II. Plano de EmergênciaEm 1962, no Rio Grande do Norte houve uma grande seca. Como resposta para socorrer aos necessitados surgiu a Coleta Missão da Fraternidade na cidade de Nísia Floresta. Esta iniciativa foi o embrião da Campanha da Fraternidade que se estendeu para todo o Brasil. No dia 25 de setembro de 1962 nascia o primeiro Plano de Pastoral do Brasil, chamado "Plano de Emergência" (1962-1965).
Enquanto isso, a voz do Papa João XXIII, se fazia ouvir sinalizando quatro perigos para a doutrina dos cristãos no continente: o Naturalismo, o Protestantismo, o Espiritismo e o Marxismo. Junto a estas considerações do Papa o episcopado nacional agrega a essas preocupações: o individualismo no apostolado, a falta de clero para evangelizar e, sobretudo, como seriam os convênios entre Governo e Igreja.
O Plano de Emergência teve 4 objetivos como metas centrais:a) A renovação paroquial e buscar princípios básicos e requisitos para a renovação paroquial; b) Recuperação do ministério sacerdotal; c) Renovação do Educandário Católico; d) Introdução a uma Pastoral de conjunto onde é analisada a descoberta da ruptura entre Igreja e o mundo.
Em meio a estes eventos surge em 1963 o Concílio Vaticano II e o Plano de Emergência fica para mais tarde, não havendo um clima favorável para o seu bom desempenho. O Concílio Vaticano II publicou 16 Documentos, dos quais 6 se tornaram os que mais tiveram expressão na realidade brasileira: Dei Verbum, Lumen Gentium, Ad Gentes, Sacrosanctum Concilium, Gaudium et Spes, Unitatis Redintegratio. Todas elas criaram meios e linhas para a Igreja do Brasil se poder organizar pastoralmente.
Plano Pastoral de Conjunto (1966-1970)A Igreja do Brasil procurou trabalhar todos estes seis Documentos do Vaticano II, e a partir deles, surgiram muitas iniciativas pastorais em todo o país. Forneceu não somente uma estrutura para CNBB trabalhar melhor, mas a Igreja teve que aprender a dialogar com todas as tendências do mundo e forças da sociedade.
A partir das Diretrizes Gerais para a Ação Evangelizadora, a Igreja no Brasil tem procurado trabalhar as exigências: o Serviço, o Diálogo, o Anúncio e o Testemunho de Comunhão, na perspectiva da pessoa, da comunidade e da sociedade. Atualmente existem dez Comissões Episcopais.
Hoje, com o Documento de Aparecida, a Missão Continental acontece com pequenas iniciativas ou então não irá muito longe. É da base que virão as pequenas ações para dar impulso a uma dimensão latino-americana.

Fonte: Revista MissõesUm olhar sobre a história da Igreja do Brasil09/09/2010 Mário de Carli e Maria Salete
Na Festa da Natividade de Nossa Senhora, dia 8 de setembro, padre Manoel Godoy, diretor executivo do ISTA (Instituto Santo Tomás de Aquino) de Belo Horizonte, MG, apresentou o tema: "Projetos e Métodos para uma Nova Evangelização. Memória, seguimento e perspectivas".
O teólogo teceu considerações sobre a Missão a partir da Encíclica Redemptoris Missio n. 33. A Missão como anúncio de Jesus Cristo aos que ainda não o conhecem.
Se olharmos para os projetos de evangelização da Igreja persistem elementos da "implantação da Igreja", um projetar-se de si mesma diante do mundo. Porém o sonho da Nova Evangelização ainda continua e suas raízes estão no Evangelho, sobretudo na vida dos cristãos.
Muito embora, hoje, a Igreja Católica quer se fazer ouvir a qualquer custo, vive o dilema de um tempo onde sua palavra ainda não consegue unificar o caminhar dos cristãos que ela se propõe. Em virtude disso, há uma nova onda clerical em que se prioriza a estética, a imagem, o show e a aparência em detrimento da ação evangelizadora. Porém, um dos grandes saltos qualitativos da Igreja depois do Concilio Vaticano II em 1974 foi o documento pós-conciliar, Evangelli Nunciandi "Evangelização para todos os Povos" que teve melhor recepção pelo conjunto do povo de Deus.
Sobre a gênese da Pastoral no BrasilPadre Manoel Godoy lembrou que no final do século XIX aconteceu a separação entre Igreja e Estado, a República marca profundamente o nosso ser Igreja no Brasil, e o episcopado começa a ver o Brasil de uma maneira nova para articular suas pastorais. Tivemos pessoas ilustres com sua linguagem nos processos evangelizadores, como dom Macedo Costa - bispo de Belém do Pará - que olhava todo o nosso país e já sonha com uma pastoral de conjunto - uma ação conjunta da Igreja - na qual expunha à cúria romana a necessidade de um concílio plenário brasileiro. Não obtendo êxito impulsionou a criação de novas dioceses.
Padre Manoel Godoy recordou dois momentos importantes na vida da Igreja, orientado pelo Cardeal Leme: em 31 de maio de 1930 a visita de Nossa Senhora Aparecida ao Rio de Janeiro com a presença de 1 milhão de pessoas; e no dia 12 de outubro de 1931, a inauguração da estátua do Cristo Redentor.
O Governo Vargas tremeu de medo ao ver a influência que o Cardeal Leme exercia sobre o povo brasileiro. Com a sua influência junto à Constituinte, ele conseguiu a isenção de impostos, o ensino religioso e a filantropia. Grande foi nesta época a influência do Cardeal Leme na convocação dos congressos eucarísticos, e aproveitar destes eventos, para reunir os Bispos para pensar num método novo de evangelizar. Sem pensar muito estava nascendo uma nova visão sobre o episcopado brasileiro.
Surgia naturalmente o método ver, julgar e agir que, mais tarde, deu grande impulso à evangelização no Brasil. Surgiram assim algumas pistas para a ação católica em âmbito nacional. Notavam constantemente que a fragilidade doutrinal era uma constante, justamente com a escassez de clero. Estes dois elementos conjugados se constituem o binômio de preocupação desde a década de 30.
Os resultados se fizeram ver rapidamente: a Ação Católica surge em 1935 e dez anos mais tarde, tem seu papel fundamental na evangelização até os dias de hoje. Em 1950 sob a influência do método belga surgem novos movimentos: JAC, JEC, JOC, JUC e que deu um impulso novo na ação católica no Brasil. Cada grupo tinha o seu assistente espiritual e realizaram muitas iniciativas, graças à aliança entre o Papa, dom Hélder Câmara e o Núncio Apostólico.
Em 1939, liderado por dom Leme realizou-se o I Concílio Brasileiro tão sonhado por dom Macedo. Neste evento foi lançado uma carta pastoral sobre a atuação dos Leigos na sociedade brasileira. Nela constam nomes famosos como os de Jackson Figueiredo, Alceu Amoroso Lima, Gustavo Corção, que escreveu o Romance "Lições de Abismo". Em 1946 surge a primeira universidade católica e em 1952 surgem a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB e o Movimento do Mundo Melhor com o padre Lombardi tendo o aval do Papa Pio XII. Em 1954 os Religiosos fundam a Conferência dos Religiosos do Brasil - CRB, em 1960 surge o Movimento de Educação de Base.
Essa foi uma das melhores épocas da Igreja do Brasil, seja pelos movimentos e obras nascentes, seja pelas vozes que se ouviam dos melhores teólogos. Assim se antevia uma Igreja que tinha o que apresentar mais tarde no Concílio Vaticano II. Plano de EmergênciaEm 1962, no Rio Grande do Norte houve uma grande seca. Como resposta para socorrer aos necessitados surgiu a Coleta Missão da Fraternidade na cidade de Nísia Floresta. Esta iniciativa foi o embrião da Campanha da Fraternidade que se estendeu para todo o Brasil. No dia 25 de setembro de 1962 nascia o primeiro Plano de Pastoral do Brasil, chamado "Plano de Emergência" (1962-1965).
Enquanto isso, a voz do Papa João XXIII, se fazia ouvir sinalizando quatro perigos para a doutrina dos cristãos no continente: o Naturalismo, o Protestantismo, o Espiritismo e o Marxismo. Junto a estas considerações do Papa o episcopado nacional agrega a essas preocupações: o individualismo no apostolado, a falta de clero para evangelizar e, sobretudo, como seriam os convênios entre Governo e Igreja.
O Plano de Emergência teve 4 objetivos como metas centrais:a) A renovação paroquial e buscar princípios básicos e requisitos para a renovação paroquial; b) Recuperação do ministério sacerdotal; c) Renovação do Educandário Católico; d) Introdução a uma Pastoral de conjunto onde é analisada a descoberta da ruptura entre Igreja e o mundo.
Em meio a estes eventos surge em 1963 o Concílio Vaticano II e o Plano de Emergência fica para mais tarde, não havendo um clima favorável para o seu bom desempenho. O Concílio Vaticano II publicou 16 Documentos, dos quais 6 se tornaram os que mais tiveram expressão na realidade brasileira: Dei Verbum, Lumen Gentium, Ad Gentes, Sacrosanctum Concilium, Gaudium et Spes, Unitatis Redintegratio. Todas elas criaram meios e linhas para a Igreja do Brasil se poder organizar pastoralmente.
Plano Pastoral de Conjunto (1966-1970)A Igreja do Brasil procurou trabalhar todos estes seis Documentos do Vaticano II, e a partir deles, surgiram muitas iniciativas pastorais em todo o país. Forneceu não somente uma estrutura para CNBB trabalhar melhor, mas a Igreja teve que aprender a dialogar com todas as tendências do mundo e forças da sociedade.
A partir das Diretrizes Gerais para a Ação Evangelizadora, a Igreja no Brasil tem procurado trabalhar as exigências: o Serviço, o Diálogo, o Anúncio e o Testemunho de Comunhão, na perspectiva da pessoa, da comunidade e da sociedade. Atualmente existem dez Comissões Episcopais.
Hoje, com o Documento de Aparecida, a Missão Continental acontece com pequenas iniciativas ou então não irá muito longe. É da base que virão as pequenas ações para dar impulso a uma dimensão latino-americana.

Fonte: Revista Missões
Um olhar sobre a história da Igreja do Brasil
09/09/2010 Mário de Carli e Maria Salete
Na Festa da Natividade de Nossa Senhora, dia 8 de setembro, padre Manoel Godoy, diretor executivo do ISTA (Instituto Santo Tomás de Aquino) de Belo Horizonte, MG, apresentou o tema: "Projetos e Métodos para uma Nova Evangelização. Memória, seguimento e perspectivas".
O teólogo teceu considerações sobre a Missão a partir da Encíclica Redemptoris Missio n. 33. A Missão como anúncio de Jesus Cristo aos que ainda não o conhecem.
Se olharmos para os projetos de evangelização da Igreja persistem elementos da "implantação da Igreja", um projetar-se de si mesma diante do mundo. Porém o sonho da Nova Evangelização ainda continua e suas raízes estão no Evangelho, sobretudo na vida dos cristãos.
Muito embora, hoje, a Igreja Católica quer se fazer ouvir a qualquer custo, vive o dilema de um tempo onde sua palavra ainda não consegue unificar o caminhar dos cristãos que ela se propõe. Em virtude disso, há uma nova onda clerical em que se prioriza a estética, a imagem, o show e a aparência em detrimento da ação evangelizadora. Porém, um dos grandes saltos qualitativos da Igreja depois do Concilio Vaticano II em 1974 foi o documento pós-conciliar, Evangelli Nunciandi "Evangelização para todos os Povos" que teve melhor recepção pelo conjunto do povo de Deus.
Sobre a gênese da Pastoral no BrasilPadre Manoel Godoy lembrou que no final do século XIX aconteceu a separação entre Igreja e Estado, a República marca profundamente o nosso ser Igreja no Brasil, e o episcopado começa a ver o Brasil de uma maneira nova para articular suas pastorais. Tivemos pessoas ilustres com sua linguagem nos processos evangelizadores, como dom Macedo Costa - bispo de Belém do Pará - que olhava todo o nosso país e já sonha com uma pastoral de conjunto - uma ação conjunta da Igreja - na qual expunha à cúria romana a necessidade de um concílio plenário brasileiro. Não obtendo êxito impulsionou a criação de novas dioceses.
Padre Manoel Godoy recordou dois momentos importantes na vida da Igreja, orientado pelo Cardeal Leme: em 31 de maio de 1930 a visita de Nossa Senhora Aparecida ao Rio de Janeiro com a presença de 1 milhão de pessoas; e no dia 12 de outubro de 1931, a inauguração da estátua do Cristo Redentor.
O Governo Vargas tremeu de medo ao ver a influência que o Cardeal Leme exercia sobre o povo brasileiro. Com a sua influência junto à Constituinte, ele conseguiu a isenção de impostos, o ensino religioso e a filantropia. Grande foi nesta época a influência do Cardeal Leme na convocação dos congressos eucarísticos, e aproveitar destes eventos, para reunir os Bispos para pensar num método novo de evangelizar. Sem pensar muito estava nascendo uma nova visão sobre o episcopado brasileiro.
Surgia naturalmente o método ver, julgar e agir que, mais tarde, deu grande impulso à evangelização no Brasil. Surgiram assim algumas pistas para a ação católica em âmbito nacional. Notavam constantemente que a fragilidade doutrinal era uma constante, justamente com a escassez de clero. Estes dois elementos conjugados se constituem o binômio de preocupação desde a década de 30.
Os resultados se fizeram ver rapidamente: a Ação Católica surge em 1935 e dez anos mais tarde, tem seu papel fundamental na evangelização até os dias de hoje. Em 1950 sob a influência do método belga surgem novos movimentos: JAC, JEC, JOC, JUC e que deu um impulso novo na ação católica no Brasil. Cada grupo tinha o seu assistente espiritual e realizaram muitas iniciativas, graças à aliança entre o Papa, dom Hélder Câmara e o Núncio Apostólico.
Em 1939, liderado por dom Leme realizou-se o I Concílio Brasileiro tão sonhado por dom Macedo. Neste evento foi lançado uma carta pastoral sobre a atuação dos Leigos na sociedade brasileira. Nela constam nomes famosos como os de Jackson Figueiredo, Alceu Amoroso Lima, Gustavo Corção, que escreveu o Romance "Lições de Abismo". Em 1946 surge a primeira universidade católica e em 1952 surgem a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB e o Movimento do Mundo Melhor com o padre Lombardi tendo o aval do Papa Pio XII. Em 1954 os Religiosos fundam a Conferência dos Religiosos do Brasil - CRB, em 1960 surge o Movimento de Educação de Base.
Essa foi uma das melhores épocas da Igreja do Brasil, seja pelos movimentos e obras nascentes, seja pelas vozes que se ouviam dos melhores teólogos. Assim se antevia uma Igreja que tinha o que apresentar mais tarde no Concílio Vaticano II. Plano de EmergênciaEm 1962, no Rio Grande do Norte houve uma grande seca. Como resposta para socorrer aos necessitados surgiu a Coleta Missão da Fraternidade na cidade de Nísia Floresta. Esta iniciativa foi o embrião da Campanha da Fraternidade que se estendeu para todo o Brasil. No dia 25 de setembro de 1962 nascia o primeiro Plano de Pastoral do Brasil, chamado "Plano de Emergência" (1962-1965).
Enquanto isso, a voz do Papa João XXIII, se fazia ouvir sinalizando quatro perigos para a doutrina dos cristãos no continente: o Naturalismo, o Protestantismo, o Espiritismo e o Marxismo. Junto a estas considerações do Papa o episcopado nacional agrega a essas preocupações: o individualismo no apostolado, a falta de clero para evangelizar e, sobretudo, como seriam os convênios entre Governo e Igreja.
O Plano de Emergência teve 4 objetivos como metas centrais:a) A renovação paroquial e buscar princípios básicos e requisitos para a renovação paroquial; b) Recuperação do ministério sacerdotal; c) Renovação do Educandário Católico; d) Introdução a uma Pastoral de conjunto onde é analisada a descoberta da ruptura entre Igreja e o mundo.
Em meio a estes eventos surge em 1963 o Concílio Vaticano II e o Plano de Emergência fica para mais tarde, não havendo um clima favorável para o seu bom desempenho. O Concílio Vaticano II publicou 16 Documentos, dos quais 6 se tornaram os que mais tiveram expressão na realidade brasileira: Dei Verbum, Lumen Gentium, Ad Gentes, Sacrosanctum Concilium, Gaudium et Spes, Unitatis Redintegratio. Todas elas criaram meios e linhas para a Igreja do Brasil se poder organizar pastoralmente.
Plano Pastoral de Conjunto (1966-1970)A Igreja do Brasil procurou trabalhar todos estes seis Documentos do Vaticano II, e a partir deles, surgiram muitas iniciativas pastorais em todo o país. Forneceu não somente uma estrutura para CNBB trabalhar melhor, mas a Igreja teve que aprender a dialogar com todas as tendências do mundo e forças da sociedade.
A partir das Diretrizes Gerais para a Ação Evangelizadora, a Igreja no Brasil tem procurado trabalhar as exigências: o Serviço, o Diálogo, o Anúncio e o Testemunho de Comunhão, na perspectiva da pessoa, da comunidade e da sociedade. Atualmente existem dez Comissões Episcopais.
Hoje, com o Documento de Aparecida, a Missão Continental acontece com pequenas iniciativas ou então não irá muito longe. É da base que virão as pequenas ações para dar impulso a uma dimensão latino-americana.

Fonte: Revista Missões