segunda-feira, 2 de abril de 2012

2025- Créditos de Carbono para Quem?

Aliança RECOs
Redes de Cooperação Comunitária Sem Fronteiras

“....Sem regras claras, esse mercado compensa emissões de gases de efeito estufa por grandes empresas poluidoras, sobretudo na Europa, além de negociar as cotações desses créditos. Na Amazônia, vem provocando assédio a comunidades indígenas e a proliferação de contratos nebulosos semelhantes ao fechado com os mundurucus. A Fundação Nacional do Índio (Funai) registra mais de 30 contratos nas mesmas bases. Só a Celestial Green afirmou ao Estado ter fechado outros 16 projetos no Brasil, que somam 200 mil quilômetros quadrados. Isso é mais de duas vezes a área de Portugal ou quase o tamanho do Estado de São Paulo. A terra dos mundurucus representa pouco mais de 10% do total contratado pela empresa, que também negociou os territórios Tenharim Marmelos, no Amazonas, e Igarapé Lage, Igarapé Ribeirão e Rio Negro Ocaia, em Rondônia. ...”

Por milhões de dólares, índios vendem direitos sobre terras da Amazônia

Por US$ 120 milhões, empresa irlandesa comprou direitos, incluindo biodiversidade, de 16 áreas com o dobro do tamanho de Portugal por 30 anos, proibindo índios de plantar ou extrair madeira; acordo teria sido assinado sem consentimento da maioria

10 de março de 2012 | 20h 04

Marta Salomon - O Estado de S. Paulo

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Por US$ 120 milhões, índios da etnia mundurucu venderam a uma empresa estrangeira direitos sobre uma área com 16 vezes o tamanho da cidade de São Paulo em plena floresta amazônica, no município de Jacareacanga (PA). O negócio garante à empresa “benefícios” sobre a biodiversidade, além de acesso irrestrito ao território indígena.

No contrato, a o qual o Estado teve acesso, os índios se comprometem a não plantar ou extrair madeira das terras nos 30 anos de duração do acordo. Qualquer intervenção no território depende de aval prévio da Celestial Green Ventures, empresa irlandesa que se apresenta como líder no mercado mundial de créditos de carbono.

Sem regras claras, esse mercado compensa emissões de gases de efeito estufa por grandes empresas poluidoras, sobretudo na Europa, além de negociar as cotações desses créditos. Na Amazônia, vem provocando assédio a comunidades indígenas e a proliferação de contratos nebulosos semelhantes ao fechado com os mundurucus. A Fundação Nacional do Índio (Funai) registra mais de 30 contratos nas mesmas bases.

Só a Celestial Green afirmou ao Estado ter fechado outros 16 projetos no Brasil, que somam 200 mil quilômetros quadrados. Isso é mais de duas vezes a área de Portugal ou quase o tamanho do Estado de São Paulo.

A terra dos mundurucus representa pouco mais de 10% do total contratado pela empresa, que também negociou os territórios Tenharim Marmelos, no Amazonas, e Igarapé Lage, Igarapé Ribeirão e Rio Negro Ocaia, em Rondônia.

‘Pilantragem.’ “Os índios assinam contratos muitas vezes sem saber o que estão assinando. Ficam sem poder cortar uma árvore e acabam abrindo caminho para a biopirataria”, disse Márcio Meira, presidente da Funai, que começou a receber informações sobre esse tipo de negócio em 2011. “Vemos que uma boa ideia, de reconhecer o serviço ambiental que os índios prestam por preservar a floresta, pode virar uma pilantragem.”

“Temos de evitar que oportunidades para avançarmos na valorização da biodiversidade disfarcem ações de biopirataria”, reagiu a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.

O contrato dos mundurucus diz que os pagamentos em dólares dão à empresa a “totalidade” dos direitos sobre os créditos de carbono e “todos os direitos de certificados ou benefícios que se venha a obter por meio da biodiversidade dessa área”.

Territórios indígenas estão entre as áreas mais preservadas de florestas tropicais. Somam mais de 1 milhão de quilômetros quadrados e a maioria deles está na Amazônia. Para empresas que trabalham com mecanismos de crédito de carbono, criado entre as medidas de combate ao aquecimento global, as florestas são traduzidas em bilhões de toneladas de gases estufa estocados e cifras agigantadas em dólares.

Benedito Milléo Junior, agrônomo que negocia créditos de carbono de comunidades indígenas, estima em US$ 1 mil o valor do hectare contratado. A conta é feita com base na estimativa de 200 toneladas de CO2 estocada por hectare, segundo preço médio no mercado internacional.

Milléo diz ter negociado 5,2 milhões de hectares, mais que o dobro do território dos mundurucu. Nesse total está contabilizado o território indígena Trombetas-Mapuera (RR), que fechou contrato com a empresa C-Trade, que também atua no mercado de crédito de carbono.

Segundo ele, a perspectiva é de crescimento desse mercado, sobretudo com a regulamentação do mecanismo de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal (Redd).

Sem receber. Os mundurucu ainda não começaram a receber o dinheiro pela venda de direitos sobre seu território. Os pagamentos acordados, em 30 parcelas iguais de US$ 4 milhões, serão feitos até o último dia do ano, entre 2012 e 2041. As regras constam do contrato assinado pelo presidente da Associação Indígena Pusuru, Martinho Borum, e o diretor da Celestial Green, João Borges Andrade. As assinaturas foram reconhecidas no cartório de Jacareacanga.

“Não poderemos fazer uma roça nem derrubar um pé de árvore”, criticou o índio mundurucu Roberto Cruxi, vice-prefeito de Jacareacanga, que se opôs ao acordo. Ele disse o contrato foi assinado por algumas lideranças, sem consentimento da maioria dos índios. “A empresa convocou uma reunião na Câmara Municipal;eles disseram que era bom”, conta.

Em vídeo na internet, uma índia mundurucu ameaça o diretor da Celestial Green com uma borduna. “Pensa que índio é besta?”, gritou ela na reunião da Câmara, lembrando a tradição guerreira da etnia.

O principal executivo da Celestial Green, Ciaran Kelly, afirma todos os contratos da empresa com comunidades indígenas passam por um “rigoroso processo de consentimento livre, prévio e informado”, segundo normas internacionais.

domingo, 1 de abril de 2012

2022- MÍDIA

Aliança RECOs
Redes de Cooperação Comunitária Sem Fronteiras

“........ Amyra El Khalili, fez críticas contundentes as empresas privadas que utilizam as causas ambientais como marketing. "Precisamos colocar em primeiro lugar o humano, o ambiente. Não o produto ou lucro da empresa. A empresa só 'esverdeia' o capital e chama isso de 'marketing verde'", condenou. Logo após, Amyra citou como referência a participação que teve na revista da ESPM com a pauta "Sustentabilidade: há sinceridade nisso?". E explica que "se a escola que é referência dos publicitários duvida da sinceridade destas palavras nas propagandas de marketing, ninguém deveria acreditar."...”

“...No segundo painel, sobre Educação Ambiental e a conscientização pública para a preservação, Apolo Heringer Lisboa - representante do Projeto Manuelzão - foi o primeiro a se pronunciar. Para ele , a sociedade moderna é a causadora dos danos, foi dela que partiu a cultura errada de não preservação da natureza "Não foram os índios que poluíram o rios, e sim os engenheiros!", contestou. ....”

“...A próxima palestrante foi a Gerente Nacional de Meio Ambiente da Caixa Econômica Federal, Maria Luisa Alvim Motta. De acordo com ela, 2% dos lucros da Caixa são revertidos em projetos ambientais - no ano de 2010, foram 38,7 milhões. Entre eles, está a despoluição do Rio Sorocaba com 7 estações de tratamento. ...Além disso, a Caixa também cria incentivos para que as empresas estejam em conformidade com as leis das práticas sócioambientais. Empréstimos acima de 10 milhões só serão autorizados com vistoria e adequação prévia. Assim como os imóveis - que representam 21% do consumo de água - só poderão ser financiados se não apresentarem nenhum tipo de consumo excessivo de recursos hídricos e energéticos...”

Portal da ESPM de Jornalismo

Produção dos alunos de Jornalismo da ESPM-SUL

A tarde em PAUTA

II Figa aborda importância da preservação da água

Escrito por Carolina Hickmann (1º semestre)

Sex, 23 de Março de 2012 18:43

Simultaneamente ao Dia Internacional da Água, ocorreu o segundo Fórum Internacional de Gestão Ambiental - II FIGA. O evento teve como tema "Água e Comunicação: uma relação vital". A iniciativa foi realizada na Assembleia Legislativa de Porto Alegre, nos dias 21, 22 e 23 março.

No dia 22 de março, o primeiro painel da tarde foi sobre as responsabilidades socioambientais das empresas na gestão das águas. Os painelistas ressaltaram a importância de utilizar de maneira sábia os recursos naturais e promover o esclarecimento sobre estes.

A Fundadora da Bolsa Brasileira de Commodities Ambientais, Amyra El Khalili, fez críticas contundentes as empresas privadas que utilizam as causas ambientais como marketing. "Precisamos colocar em primeiro lugar o humano, o ambiente. Não o produto ou lucro da empresa. A empresa só 'esverdeia' o capital e chama isso de 'marketing verde'", condenou. Logo após, Amyra citou como referência a participação que teve na revista da ESPM com a pauta "Sustentabilidade: há sinceridade nisso?". E explica que "se a escola que é referência dos publicitários duvida da sinceridade destas palavras nas propagandas de marketing, ninguém deveria acreditar."

Quando questionada sobre como uma empresa privada poderia fazer uma gestão ambiental sem ser para seu proveito próprio, Amyra respondeu que somente "seria possível se a empresa desse ouvidos somente a comunidade e não a uma empresa de marketing. Imagem deveria ser consequência, e jamais meta." A economista também defendeu que para a construção de uma economia socioambiental, é necessária uma nova consciência para o mercado, fazendo este ter a base forte na educação, comunicação e informação.

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Painelistas ressaltaram a importância de utilizar de maneira sábia os recursos naturais/Foto: Carolina Hickmann

O Gerente de Qualidade e Meio-Ambiente da Celulose Riograndense Ltda, Clóvis Zimmer, disse que hoje a empresa está presente em 41 municípios com seus hortos florestais. Contou que a meta da empresa é produzir mais com menos recursos. E um dos principais insumos da empresa é a água. A empresa utiliza o conceito de Fábrica de Mínimo Impacto, usando tecnologias de baixo consumo de água, de tratamento de afluentes de alta performance e também estabelecendo indicadores para monitoramento. Com estes cuidados, a redução do uso de água foi de 33%.

Já a Fundadora da ONG Associação Amigos do Futuro, Rejane Pieratti, trouxe dados alarmantes. Como o fato de 2 bilhões de pessoas não disporem de água potável. A estimativa da ONU é mais preocupante ainda. Segundo a Organização das Nações Unidas dentro de 25 anos este número irá dobrar. Além disso, 30% das Bacias Hidrográficas já perderam mais da metade da cobertura vegetal original, o que faz com que a água da chuva escoe pela superfície não permitindo o armazenamento no lençol freático.

Segundo Rejane, é da cultura popular pensar de forma imediatista. "Do rio eu tiro o que preciso e rio abaixo eu jogo o que não precisarei mais". Ela alerta que é necessário mudar este pensamento imediatamente e ressalta que só será possível com a ajuda dos veículos de Comunicação e profissionais da área educacional "A sociedade precisa entender o seu poder e executá-lo", explicou.

A próxima palestrante foi a Gerente Nacional de Meio Ambiente da Caixa Econômica Federal, Maria Luisa Alvim Motta. De acordo com ela, 2% dos lucros da Caixa são revertidos em projetos ambientais - no ano de 2010, foram 38,7 milhões. Entre eles, está a despoluição do Rio Sorocaba com 7 estações de tratamento.

Além disso, a Caixa também cria incentivos para que as empresas estejam em conformidade com as leis das práticas sócioambientais. Empréstimos acima de 10 milhões só serão autorizados com vistoria e adequação prévia. Assim como os imóveis - que representam 21% do consumo de água - só poderão ser financiados se não apresentarem nenhum tipo de consumo excessivo de recursos hídricos e energéticos.

No segundo painel, sobre Educação Ambiental e a conscientização pública para a preservação, Apolo Heringer Lisboa - representante do Projeto Manuelzão - foi o primeiro a se pronunciar. Para ele , a sociedade moderna é a causadora dos danos, foi dela que partiu a cultura errada de não preservação da natureza "Não foram os índios que poluíram o rios, e sim os engenheiros!", contestou.

Apolo também criticou o egocentrismo do homem, que chega ao ponto de esquecer que não se pode viver se não for integradamente com todas as demais espécies e com total respeito ao planeta. "O espelho d'água mostra a nossa cara", afirmou.

A presidente do Instituto de Estudos Culturais e Ambientais - IECAM, Denise Wolf, desenvolve projeto com aldeias Guaranis no Rio Grande do Sul. Contou que há similaridades entre a cultura Guarani e as metas da Educação Ambiental, como a relação de respeito a natureza, visão sistêmica e valores humanos. Defendeu que por estas similaridades eles não querem desenvolvimento e sim sustentabilidade, argumentando que é necessário haver respeito às especificidades culturais, as diferentes demandas e as realidades locais. "Sustentabilidade para eles é algo espiritual, não material".

Última atualização em Sex, 23 de Março de 2012 18:57

II FIGA discute gestão das águas

Escrito por Marcelo Farina (3º semestre)

Sex, 23 de Março de 2012 16:59

O II Fórum Internacional de Gestão Ambiental (FIGA), promovido pela Associação Riograndense de Imprensa, trouxe o tema “Água e Comunicação: Uma relação vital”. A escassez de água e o papel dos meios de comunicação em sua preservação foram debatidos por especialistas em evento realizado na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, dos dias 21 a 23. O primeiro painel foi “Gestão de recursos hídricos no Rio Grande do Sul”, que apontou as falhas da administração pública com os recursos naturais.

Os palestrantes da ocasião foram: O Promotor do Ministério Público (MP), Alexandre Saltz; O Analista Ambiental do IBAMA, Tarso Izaía; A geógrafa da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, Elaine Regina Oliveira dos Santos; O Major do Comando Ambiental da Brigada Militar, João José Corrêa da Silva.

Alexandre Saltz iniciou agradecendo a oportunidade recebida pela ARI e salientou o papel da imprensa para a conscientização da sociedade. “O jornalismo tem responsabilidade na construção de um futuro melhor. Esse evento reforça a proximidade que há entre o setor da comunicação e o do meio-ambiente”. Ele reiterou que são necessárias atitudes e não apenas discursos. “Tem muita gente que repete a mesma coisa. Tem que acreditar naquilo que se fala. Eu acredito”, afirmou.

Saltz reclamou do fato de as leis ambientais não serem levadas a sério. “Pessoas querem flexibilizar leis de direito ambiental, mas ninguém fala em flexibilizar seus próprios direitos. Isso é um egoísmo social muito grande”, concluiu. Ele reiterou diversas vezes que o governo deveria interferir mais na questão e se questionou. “É possível recuperar o Arroio Dilúvio e o Rio dos Sinos? Pelos meios tecnológicos que temos sim. O que falta é vontade política”, criticou. Para Alexandre, a escassez de água vem avançando de geração em geração e não deve ser encarada como fenômeno da natureza. “O problema não é a falta de chuva e sim a gestão. São poucas as políticas públicas que incentivam a preservação da água quando ela é escassa. Não há atuação afetiva. Não é uma questão jurídica e sim sociocultural. A origem é a falta de gestão”, reafirmou.

Descrição: Descrição: Descrição: Especialistas debatem sobre gestão das águas/Foto: Carolina Hickmann

Especialistas debatem sobre gestão das águas/Foto: Carolina Hickmann

A segunda a palestrar foi a geógrafa Elaine Regina Oliveira dos Santos, que também não poupou os atuais modelos de gestões hídricas e orientou todos a economizarem. “A lei estabelece que a água é um recurso natural. Para fazer gestão, temos de saber que em determinadas épocas do ano, ela não vai estar tão disponível”, alertou. Elaine acredita que o povo deveria fiscalizar mais a administração dos bens naturais. “A sociedade tem voz para falar, opinar, aprovar ou não a gestão das águas”, salientou.

O próximo especialista a se pronunciar foi o Superintendente do IBAMA, Tarso Izaía. Ele reforçou a tese de que a água deve ser bem gerida por todos os cidadãos. “Ela pertence ao poder público. Sua gestão tem de ser descentralizada e participativa. Precisamos eliminar hegemonias de setores. A participação da sociedade nos comitês tem poder decisório”, avaliou. O futuro desse recurso deve ser a pauta das ações do estado. “Nossas políticas públicas não podem deixar de lado algumas consequências que ainda não estão acontecendo”, declarou.

O Major do Comando Ambiental da Brigada Militar, João José Corrêa da Silva, foi o último do painel a se manifestar. Ele explicou as ações que sua corporação promove na tentativa de salvar o ambiente. “O nosso trabalho é de educação ambiental e fiscalização. 50% para cada lado. A polícia ostensiva tem como objetivo preservar as gerações futuras”, relatou. O Major afirmou que o batalhão criou uma metodologia de trabalho de campo, apenas para reparar crimes ambientais.

Terminadas todas as apresentações, foi aberto um espaço para que os palestrantes respondessem a perguntas da plateia. Adelaide Pinto, educadora ambiental, concorda com as visões expostas no painel. “Foram muito valiosas as observações dos convidados. É exatamente isso. Temos que cuidar da água, porque daqui a pouco podemos não tê-la mais”, entendeu.

Última atualização em Sex, 23 de Março de 2012 17:27


Presidente da Assembleia fala sobre gestões hídricas

Escrito por Marcelo Farina (3º semestre)

Sex, 23 de Março de 2012 18:36

O II Fórum Internacional de Gestão Ambiental (FIGA) promoveu a Conferência Gestão dos Recursos Hídricos no Rio Grande do Sul com o Presidente da Assembleia Legislativa do estado, Alexandre Postal. O deputado fez um discurso em defesa do consumo racional de água e sintetizou a importância do Fórum para a sociedade.

O deputado assumiu a responsabilidade do governo pela preservação da água e admitiu dificuldades enfrentadas. “O estado é detentor do domínio das águas e compartilha isso com a população. Não há mais como retirar do nosso calendário a ocorrência de estiagem ou seca. Em 2005 ou 2006, trouxeram perdas implacáveis”, destacou. Postal citou compromissos que ainda estão pendentes. “Faz parte do papel de nossos administradores, a pauta tão conhecida que é o saneamento básico”, afirmou. Ele também disse que o número de esgotos tratados ainda é muito baixo no país.

O Presidente da Assembleia Legislativa também ressaltou a abundância de recursos naturais existentes no país. “O Brasil é o país mais rico em recursos hídricos. O segundo é a Rússia, que tem o equivalente a 55% das águas brasileiras”, relatou.

Descrição: Descrição: Descrição: Descrição: Presidente da Assembleia, Alexandre Postal, discursa no II FIGA/Foto: Carolina Hickmann

Presidente da Assembleia, Alexandre Postal, discursa no II FIGA/Foto: Carolina Hickmann

O deputado falou sobre o Código de Meio Ambiente e algumas outras iniciativas do estado de preservação. Ele também salientou a importância dos veículos de comunicação nesse sentido. “Disseminação das informações. A mídia tem o principal papel. Deve orientar a sociedade”.

Segundo dia do Fórum Internacional de Gestão Ambiental discute a Comunicação

Fotos: Marcio de Almeida Bueno
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Mesa de abertura contou com dois comunicadores internacionais

O painel 'O uso de novas linguagens de Comunicação na luta pelo meio ambiente' abriu o segundo dia do Fórum Internacional de Gestão Ambiental - Água e Comunicação: Uma relação vital, na Assembleia Legislativa do RS. O primeiro a falar foi o jornalista uruguaio Hernán Sorhuet Gelós, do El País, que narrou sua experiência na cobertura de questões ambientais naquele país. Luiz Antonio Grassi apresentou o projeto e as razões para construção do futuro Museu das Águas de Porto Alegre, e aplicações semelhantes existentes em outros países. Já o cineasta alemão Philipp Hartmann fez uma abordagem semiótica, apresentando o tema água nas artes plásticas, literatura e cinema, como significado de vida, morte, passagem e destruição, entre outros. A moderação foi do jornalista Juarez Tosi, do Núcleo de Ecojornalistas do Rio Grande do Sul.

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Presidente do Sindicato, ao centro, foi o moderador do segundo painel

Às 10h30min teve início o segundo painel do dia, 'A Comunicação entre os órgãos de gestão da água e a sociedade', mediado pelo presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul, José Maria Rodrigues Nunes. "O meio ambiente passa ao largo das grande mídias. Hoje é o Dia Mundial da Água, e isso só foi lembrado pelo principal veículo do RS com um anúncio de rede de supermercado. Se não tivessem pago o comercial, toda a população que lê esse jornal não saberia que hoje é Dia Mundial da Água", apontou Nunes em sua fala de abertura. Angélica Ritter apresentou o trabalho da equipe de Comunicação do DMAE, com boletins, site, redes sociais, visitas e publicações, exibindo uma animação institucional sobre o tratamento da água. Do Ceará veio Vicente Barbosa Soares, coordenador-geral do Fórum Cearense de Comitês de Bacias Hidrográficas e do Fórum Nacional dos Comitês de Bacias Hidrográficas. "Tentamos, no Ceará, pautar a Imprensa, mas na verdade não há esse interesse das empresas de Comunicação em fazer a abordagem ambiental", lamentou o gestor.

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"A gestão é descentralizada e o Governo é apenas um dos participantes", firsou Daniel Schmitz

Daniel Schmitz é presidente do Comitê de Bacia Taquari-Antas, e mostrou as atividades do comitê, o alcance e participação social, com as ferramentas de Comunicação para alavancar a representatividade e alcance do trabalho. "O problema não é da Amazônia, é nosso - a questão da busca de notícias catastróficas, uma questão de escola. Precisamos um dia falar sobre escola de mídia", disse Schmitz. O painel fechou com a fala de Sérgio Cardoso , geólogo da Companhia Riograndense de Saneamento. Em instantes inicia o painel 'Responsabilidades socioambientais das empresas na gestão das águas', com Amyra El Khalili, da Aliança de Redes de Cooperação Comunitária Sem Fronteiras, Clovis Zimmer, da Celulose Riograndense, Rejane Peiratti, da ONG Amigos do Futuro, e Jean Rodrigues Benevides, da Caixa, com moderação de Sidnei Gusmão Agra, da ABES/RS. O segundo FIGA encerrará nesta sexta-feira, 23 de março.

Quinta-feira, 13 de Agosto de 2009


COMMODITIES AMBIENTAIS EM MISSÃO DE PAZ

Este e-book celebra a trajetória pacifista de três décadas da economista e ambientalista Amyra El Khalili, como resultado dos primeiros dez anos da construção econômica socioambiental na América Latina e no Caribe. Trata-se da compilação de alguns de seus principais artigos e entrevistas reproduzidos, discutidos e apresentados em listas na internet, em diversas publicações, palestras, debates, congressos, conferências e seminários no Brasil e no exterior.
Nesta obra, você refletirá sobre temas como economia de mercado, meio ambiente e finanças sustentáveis, redes solidárias e suas estratégias, mudanças climáticas e mercados emergentes, financiamentos de projetos e negócios socioambientais, conflitos sociopolíticos, espiritualidade e esperança, guerra e paz.
Amyra é um exemplo de ativismo a serviço da paz entre os povos, entre os gêneros masculino e feminino, entre progresso e preservação ambiental. Sua militância pela dignidade humana,
pelo respeito à mulher, contra a discriminação de ordem racial e étnica, tem merecido o respeito e a admiração de quantos privam de sua amizade e daqueles que leem os seus artigos.
Como economista, Amyra empenhou-se, acima de tudo, em demonstrar que é possível conciliar uma economia de mercado com a proteção do meio ambiente.
O selo Nova Consciência é honrado pela possibilidade de participar da importante divulgação deste trabalho pioneiro.

Postado por Nova Consciência às 05:29 0 comentários

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segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Todos podem fazer a diferença

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Se algum dia lhe disseram “não, você não tem como mudar o mundo”, esqueça, não é verdade. Cada um pode usar o que tem e o que sabe para transformar o planeta num mundo melhor

Por Vivian Palmeira
Colaboração e entrevista de Léia Tavares

Cresce a cada dia a lista de pessoas famosas, ricas e influentes que passaram a dedicar parte de seu tempo à resolução de problemas ambientais e sociais do mundo. Angelina Jolie é uma delas. Além de atriz, ela também é conhecida pelo mundo como embaixadora da ONU (Organização das Nações Unidas). Viaja a vários países e se reúne com autoridades para tratar de questões sociais e de combate à pobreza e à violência. Quem também faz do seu trabalho um instrumento para promover uma sociedade mais justa é o cantor Bono Vox, do grupo de rock U2. Junto a eles, outros tantos artistas, empresários e esportistas integram a lista dos famosos solidários. Recentemente foi o bilionário Bill Gates que se despediu da Microsoft e passou a se dedicar às atividades filantrópicas.
Mas o que poucos tomam conhecimento é do trabalho de milhares de pessoas, talvez não tão conhecidas pelo mundo, que, com recursos ou não, têm oferecido seu talento e esforço visando a mesma causa. Entre elas está Amyra El Khalili, de 44 anos. Ela resolveu usar seu conhecimento, de mais de 20 anos no mercado financeiro paulista, a favor do meio ambiente e da sociedade. Abandonou a carreira de operadora da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) e fundou, em 1996, o Projeto BECE (Brazilian Enviromental Commodities Exchange, sigla em inglês para Bolsa Brasileira de Commodities Ambientais). Mais tarde, fundou a Aliança RECOs – Redes de Cooperação Comunitária Sem Fronteira, que busca, por meio da educação, informação e comunicação, estimular extrativistas, pequenos agricultores e diversas comunidades a desenvolver atividades de valorização cultural e ambiental. Conheça um pouco mais das idéias progressistas de Amyra El Khalili, que também é professora de pós-graduação e MBA em Economia Socioambiental e, por suas ações, já foi indicada ao Prêmio Bertha Lutz e ao Prêmio Mil Mulheres para o Nobel da PAZ.

Quando a senhora percebeu que poderia usar seus conhecimentos sobre mercado financeiro em favor do meio ambiente?
Comecei minha carreira no mercado financeiro como recepcionista da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), na época em que foi fundada. Com o tempo, ocupei várias posições em diversos departamentos. Foi quando me convidaram para trabalhar na corretora do presidente da Bovespa. Tive oportunidade de fazer vários cursos, pois para cada iniciativa ganhava uma bolsa de estudos. Então, por empenho e dedicação, recebi um convite para trabalhar na mesa de operações da BM&F. Em menos de dois anos me tornei um dos maiores operadores do mercado. Cheguei ao estágio máximo de conhecimento e passei à posição de consultora da BM&F, entre outras instituições. Mas sentia que o meu conhecimento não era para aqueles fins. Estávamos no mercado financeiro especulando fortunas, ao mesmo tempo em que havia muita pobreza e miséria no Brasil. Não me sentia bem com isso. Alcancei nesta etapa um grau de consciência muito profundo, vivenciando guerras e conflitos. Foi quando comecei a estudar o binômio água e energia, e a co-relação entre as guerras e o sistema financeiro.

Como a senhora avalia a questão dos créditos de carbono como paliativo para os problemas de aquecimento global?
Começar a comercializar poluição é o último nível da degradação ambiental e humana. O chamado “compra e venda de créditos de emissão”, é a coisa mais negativa que pode existir no “mercadismo” que o ser humano conseguiu produzir. O movimento deveria ser o contrário: buscar mecanismos financeiros para eliminar a especulação que resulta na degradação ambiental. Hoje, ocorre o oposto, que é financiar para matar. Queremos um sistema que financie a vida.
No futuro é possível que tenhamos conflitos entre países pela luta de recursos naturais?
Estamos vivenciando atualmente, só que de outra forma na América Latina e no Caribe. Mas isso já acontece no Oriente Médio, por exemplo. O exército nacional ainda não está na rua em decorrência dos conflitos pela água, mas em Cochabamba, na Bolívia, houve convulsão social por causa da água, e no Espírito Santo, aqui no Brasil, foi registrado um caso de morte por disputá-la. No Uruguai, tiveram que reformar a legislação para que a água voltasse para as mãos do Governo e da sociedade, pois as águas estavam todas na mão da iniciativa privada, assim, foi feito um plebiscito sobre a reforma hídrica para devolver as águas para a população. Água é um bem de uso público, pertence à nação, então você não pode simplesmente cercar uma bacia hidrográfica e dizer-se dono da água, determinando que a beba quem você quer!

Quais são os principais problemas ambientais que o Brasil enfrenta hoje?
Temos problemas seríssimos, como saneamento básico. No Nordeste inteiro, há seca. Algumas regiões têm água, mas não pode ser consumida pela população porque está contaminada. Nessas bacias hidrográficas, por exemplo, despejaram efluentes, ou seja, dejetos como urina, fezes, esgoto químico sem tratamento. A água, o rio, o mar, não devem ser canais para despejarmos nossos excrementos, resíduos industriais e lixo. Estima-se que os maiores degradadores de águas no Brasil sejam as próprias prefeituras. A indústria passou por uma pressão tão violenta que, por força de lei, precisou desenvolver sistemas de gestão ambiental com filtros, reciclagem e reutilização de água, sendo hoje o setor que menos polui. Mas isso não quer dizer que não tem indústrias que poluem. No Rio Grande do Norte, no Nordeste, muito desejo in natura está sendo despejado diretamente no mangue, rios e mar. Recentemente foi denunciado por Rose Dantas, uma bióloga ambientalista, o maior desastre ambiental no Rio Grande do Norte: 40 mil toneladas de peixes foram mortos, e as pessoas que comeram os peixes contaminados estão morrendo. Lançaram resíduos químicos no mangue indiscriminadamente. O mangue deságua nos rios e, conseqüentemente, contaminou o Rio Potengi, a principal fonte de abastecimento da cidade de Natal. Eles acham que o mangue é lugar de coisa suja. Escondem facilmente o despejo ilegal de dejetos no mangue por causa do odor característico do lugar. E os pescadores de mariscos, de ostras, que vivem da pesca, como ficam? O mangue é rico, produz muitas espécies e mantém o equilíbrio biológico da costa marítima, entre outros benefícios ambientais e sociais.

Como economista e educadora, você acredita que o planejamento econômico atual incentiva o consumismo exacerbado e contribui para a degradação do meio ambiente?
A economia de mercado não é uma virtude ou um defeito do capitalismo, é um modelo de sobrevivência político. Não devemos dissociar a política da economia, porque os economistas apresentam, por exemplo, o melhor plano econômico, mas se o político não aceitar, não há como implantar a proposta, por melhor e mais legítima que ela seja! Definitivamente, o mercado financeiro está com câncer. E o que faz uma célula cancerígena? Metástase. Ela se propaga no corpo da economia e vai destruindo. Matando-a aos poucos, com muito sofrimento. Para que o mercado financeiro seja fruto de uma economia saudável, é importante desenvolver uma célula com o mesmo movimento que a metástase. Se essa célula fosse introduzida no corpo da economia, ela propagaria o Bem. É preciso combater a exclusão social e a degradação ambiental como parte dos resultados dessa economia. Quando excluímos o outro, somos, todos nós sem distinção, impactados diretamente. Estamos também nos excluindo por algum motivo e sentindo as dores desse processo.

Como é possível mudar essa realidade?
É necessário projetar na mente das pessoas imagens positivas, de auto-estima, de valores humanos e espirituais, trabalhando a consciência. É um processo de resgate, de cura, não de culpa – porque somos sempre bombardeados pela grande imprensa com essa noção de culpa. Vivemos um modelo de sucesso materialista onde Ter é melhor que Ser. Que mensagem estamos passando para os nossos jovens? O que nós estamos dizendo para a sociedade quando a gente só propaga a doença, o mal, a violência, o oportunismo? Tenho crenças! E por isso que ainda estou em pé, fazendo coisas. Acredito no poder da informação. Uma informação clara, transparente e didática. Podemos ter opiniões, mas não vamos decidir pela sociedade. É na palavra consciência que está o poder de decisão, e não adianta fugir dela. Gosto muito da expressão nova consciência porque não podemos dizer que as pessoas não estão conscientes, elas estão, mas num padrão de verdade antigo, velho, desgastado. Existe consciência, sim. Mas a consciência de que eu preciso ganhar dinheiro, que preciso pagar as contas, que preciso lucro, que é lucro a qualquer preço. Uma consciência que está profundamente doente em estado terminal.
Então é a partir da informação que a sociedade saberá se posicionar e transformar o mundo?

Exatamente! O que os impede de manipular a população é a democratização da informação. Quando uma revista como a Universo Espírita faz entrevista com quem pensa e se expressa diferente, quebra-se o ciclo vicioso do maniqueísmo. É quando essa informação chega às comunidades, nas pessoas que não têm informação com opções. A camada mais humilde da sociedade, em especial, está assinando contratos sem saber o que assinou e acabam se comprometendo com um arsenal de instrumentos econômicos e jurídicos tornando-se escravos. Quando traduzimos essas informações e as colocamos à disposição da sociedade, passamos a inibir a ação de especuladores e oportunistas. A única forma de mudar esse modelo materialista e consumista em que vivemos, de combater essa autofagia financeira, é a informação disponibilizada democraticamente, de forma transparente e isenta, para que o cidadão possa decidir sobre seu destino.

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Entrevista concedida à Revista Universo Espírita, Edição 57


sexta-feira, 9 de março de 2012

É preciso correr, adverte a ciência

"É urgente romper a relação entre produção e consumo, de um lado, e destruição ambiental, de outro: "Crescimento material sem limites num planeta com recursos naturais finitos e em geral frágeis será insustentável", ainda mais com subsídios prejudiciais em áreas como energia (US$ 1 trilhão/ano), transporte e agricultura - "que deveriam ser eliminados", defende documento entregue no último dia 20 de fevereiro, em Nairóbi, no Quênia, aos ministros reunidos pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, escrito e assinado por 20 dos mais destacados cientistas que já receberam o Prêmio Blue Planet, também chamado de Prêmio Nobel do Meio Ambiente. O documento é comentado por Washington Novaes, jornalista, em artigo publicado no jornal O Estado de S. Paulo, 09-03-2012.

Segundo o jornalista, "não se trata de um manifesto de "ambientalistas", "xiitas" ou hippies. São palavras de dezenas dos mais conceituados cientistas do mundo, que advertem: "A demora (em mudar) é perigosa e seria um erro profundo".

Eis o artigo.

Deveria ser leitura obrigatória para todos os governantes, de todos os níveis, todos os lugares, o documento de 22 páginas entregue no último dia 20 de fevereiro, em Nairóbi, no Quênia, aos ministros reunidos pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, escrito e assinado por 20 dos mais destacados cientistas que já receberam oPrêmio Blue Planet, também chamado de Prêmio Nobel do Meio Ambiente. Entre eles estão a ex-primeira-ministra norueguesa Gro Brundtland, coordenadora do primeiro relatório da ONU sobre desenvolvimento sustentável; James Lovelock, autor da "Teoria Gaia"; o professor José Goldemberg, ex-ministro brasileiro do Meio Ambiente; sir Nicholas Stern, ex-economista-chefe do Banco Mundial, consultor do governo britânico sobre clima; James Hansen, do Instituto Goddard de Estudos Espaciais (Nasa); Bob Watson, conselheiro do governo britânico; Paul Ehrlich, da Universidade Stanford; Julia Marton-Lefèvre, da União Internacional para a Conservação da Natureza; Will Turner, da Conservação Internacional - e vários outros.


Nesse documento os cientistas traçam, com palavras sóbrias e cuidadosas, um panorama dramático da situação do mundo, hoje, em áreas vitais: clima; excesso de consumo e desperdício; fome; necessidade de aumentar a produção de alimentos e escassez de terras; desertificação e erosão; perda da biodiversidade e de outros recursos naturais; subsídios gigantescos nas áreas de transportes, energia, agricultura - e a necessidade de eliminá-los. Enfatizam a necessidade de "empoderamento" das mulheres e de grupos sociais marginalizados; substituir o produto interno bruto (PIB) como medida de riqueza e definir métodos que atribuam valor ao capital natural, humano e social; atribuir valor à biodiversidade e aos serviços dos ecossistemas e deles fazer a base da "economia verde".

É um documento que, a cada parágrafo, provoca sustos e inquietações, ao traçar o panorama dramático que já vivemos em cada área e levar todo leitor a perguntar qual será o futuro de seus filhos e netos. "O atual sistema (no mundo) está falido", diz Bob Watson. "Está conduzindo a humanidade para um futuro que é de 3 a 5 graus Celsius mais quente do que já tivemos; e está eliminando o ambiente natural, do qual dependem nossa saúde, riqueza e consciência. (...) Não podemos presumir que a tecnologia virá a tempo para resolver; ao contrário, precisamos de soluções humanas".

"Temos um sonho", afirma o documento. "De um mundo sem pobreza e equitativo - um mundo que respeite os direitos humanos - um mundo de comportamento ético mais amplo com relação à pobreza e aos recursos naturais - um mundo ambientalmente, socialmente e economicamente sustentável, onde desafios como mudanças climáticas, perda da biodiversidade e iniquidade social tenham sido enfrentados com êxito. Esse é um sonho realizável, mas o atual sistema está profundamente ferido e nossos caminhos atuais não o tornarão realidade".

Segundo os cientistas, é urgente romper a relação entre produção e consumo, de um lado, e destruição ambiental, de outro: "Crescimento material sem limites num planeta com recursos naturais finitos e em geral frágeis será insustentável", ainda mais com subsídios prejudiciais em áreas como energia (US$ 1 trilhão/ano), transporte e agricultura - "que deveriam ser eliminados". A tese do documento é de que os custos ambientais e sociais deveriam ser internalizados em cada ação humana, cada projeto. Valores de bens e serviços dos ecossistemas precisam ser levados em conta na tomada de decisões. É algo na mesma direção das avaliações recentes de economistas e outros estudiosos, comentadas neste espaço, a respeito da finitude dos recursos naturais e da necessidade de recompor a vida econômica e social em função disso.

O balanço na área de energia é inquietador, com a dependência de combustíveis fósseis, danos para a saúde e as condições ambientais. Seria preciso proporcionar acesso universal de toda a população pobre aos formatos "limpos" e renováveis de energia - a transição para economia de "baixo carbono" -, assim como a formatos de captura e sepultamento de gases poluentes (ainda em avaliação). Como não caminhamos assim, as emissões de dióxido de carbono equivalente já chegam a 50 bilhões de toneladas anuais, com a atmosfera e os oceanos aumentando suas concentrações para 445 partes por milhão (ppm)- mais 2,5 ppm por ano, que desenham uma perspectiva de 750 ppm no fim do século. E com isso o aumento da temperatura poderá chegar a mais 5 graus Celsius.

Na área da biodiversidade, 15 dos 24 serviços de ecossistemas avaliados pelo Millenium Ecosystem Assessmentestão em declínio - quando é preciso criar caminhos para atribuir valor à biodiversidade e seus serviços, base para uma "economia verde". Mas para isso será preciso ter novos formatos de governança em todos os níveis - hoje as avaliações cabem a estruturas políticas, sociais, econômicas, ambientais, separadas e competindo entre elas.

E para que tudo isso seja possível, dizem os cientistas, se desejamos tornar reais os nossos sonhos, "o momento é agora" - enfrentando a inércia do sistema socioeconômico e impedindo que sejam irreversíveis as consequências das mudanças climáticas e da perda da biodiversidade. Se falharmos, vamos "empobrecer as atuais e as futuras gerações". Esquecendo que vivemos em "uma sociedade global infestada pela crença irracional de que a economia física pode crescer sempre, deslembrada de que os ricos nos países desenvolvidos e em desenvolvimento se tornam mais ricos e os pobres são deixados para trás".

Não se trata de um manifesto de "ambientalistas", "xiitas" ou hippies. São palavras de dezenas dos mais conceituados cientistas do mundo, que advertem: "A demora (em mudar) é perigosa e seria um erro profundo".

instituto humanistas unisinos.

terça-feira, 6 de março de 2012

ambiente é vida!

cuidar do meio ambiente, é cuidar de si mesmo e do outro! Ou seja, é cuidar da vida!

Cardeal Hummes: "Evangelizar com sustentabilidade"

06/03/2012 | Rádio Vaticano

A pastoral com a população indígena, o desafio das seitas e a promoção do apostolado laical são apenas alguns dos desafios enfrentados pela Igreja no Brasil na região da Amazônia. Mas o desafio mais importante é a pastoral num território imenso, às vezes impenetrável, de milhares de pequenas aldeias. Uma das maiores dificuldades é a pastoral com a população indígena.

Encarregada desta missão é a Comissão Episcopal para a Amazônia, criada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, CNBB, e confiada ao Cardeal Cláudio Hummes, prefeito emérito da Congregação para o Clero.

Entrevistado pelo Programa Brasileiro, Dom Cláudio relevou a importância da preservação da identidade cultural, da defesa das terras reservadas às tribos e do respeito aos seus direitos humanos. Para ele, o fundamental é evangelizar, sim, mas com sustentabilidade e, sobretudo, respeito pelos povos nativos.

"Dia 25 vou estar em São Gabriel da Cachoeira, bem no norte do Amazonas, visitando a diocese, porque eles vão inaugurar uma fazenda da esperança, para os dependentes de álcool entre os índios, que é um problema muito grande naquela região, infelizmente. Também quero visitar outras dioceses da área, mas, sobretudo na Assembleia Geral da CNBB, que será depois da Páscoa, já convocamos os Bispos da Amazônia, teremos uma grande reunião com a Comissão, para primeiramente ouvi-los. O que esperam desta Comissão? Começaremos a abordar assuntos específicos porque a Amazônia, como todos sabem, é uma região muito particular, tem particularidades que não se deveriam ser destruídas. O risco é que se trate a Amazônia como qualquer outra parte do Brasil ou do mundo".

"Como levar o desenvolvimento à Amazônia? O desenvolvimento deve preservar, ser oferecido aos índios, e não imposto. No entanto, eles têm direito a que se lhes ofereça o desenvolvimento moderno, na medida e no ritmo em que o quiserem; sem lhes impor, e menos ainda destruir, mas que eles assimilem e façam seu desenvolvimento a partir daquilo que é oferecido pela comunidade mundial e brasileira em termos de progressos econômicos, científicos e técnicos. Eles devem ser sujeitos desta história".

"Quanto à Igreja, é a mesma coisa: como a Igreja vai se inculturar na região?. Existem aqueles que defendem o direito dos índios, importantíssimos, e outros que defendem a evangelização direta, mas as duas coisas são as duas pernas com que se deve andar. Não se pode caminhar com uma perna só, seria prejudicial para os próprios índios. A Igreja de fato, se torna cada vez mais consciente, e eles também. Estas são as coisas que devemos trabalhar e ajudar".

Fonte: www. www.radiovaticana.org

Revista Missão.