quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

SERMÃO NA HORA ERRADA!

Safatle, os católicos e eu mesmo
...e depois de todas estas críticas ao artigo dele, vai aqui o meu fraterno abraço ao Vladimir Safatle. Motivo: estávamos um perto do outro na Sala São Paulo, esta noite, durante as comemorações dos 90 anos da Folha.

Tudo ia muito bem enquanto líderes de diversas religiões faziam seus discursos. O xeique, a monja, o rabino, a mãe-de-santo, o espírita, o pastor. Sintoma do “desajuste comunicacional” que tanto prejudica a Igreja Católica, tudo piorou bastante quando falou o representante do arcebispo. Em vez de dar uma breve bênção ou fazer um comentário rápido sobre a divergência e a liberdade de discussão (qualidades dos seus antecessores), o católico engrenou um verdadeiro sermão, e terminou fazendo o que, naquele contexto, me pareceu uma violência simbólica.

Pediu a todos os preentes que se levantassem das cadeiras e se unissem na oração do Pai Nosso. Ora, a situação não era de missa. Ele não podia pedir nossa adesão. Claro que, por constrangimento, todo mundo se levanta. Me parece significativo que só a Igreja Católica ainda queira, digamos assim, angariar apoio no meio de uma festividade leiga. Só faltava passar a sacolinha.

Fiquei bravamente sentado na cadeira, e, vou logo dizendo, não é tão fácil assim. Quando todo mundo se levanta, parece que você está apenas criando caso por prazer, e vem a dúvida de se não está errada a sua atitude. Olhei para os lados: lá estava o Vladimir Safatle, sentado também. Foi um grande alívio.

Escrito por Marcelo Coelho às 00h18

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